Indefinição permanece no concurso do Quadro Geral

O mês é de recesso no judiciário, e nada acontece em se tratando de movimentação de processos até que agosto chegue. A indefinição lançada sobre mais de 104 mil candidatos que prestaram o Concurso do Quadro Geral do Estado, motivada pela suspensão do...

No Tocantins dos últimos 20 anos, concurso público sempre foi um evento ligado diretamente a um governante. Falava-se em “Concurso do Avelino”, que foi anulado por Siqueira. Falava-se também em “Concurso do Siqueira”, anulado por que pretendia dar aos pioneiros um diferencial de 30 pontos de vantagem sobre os demais candidatos.

Em pleno 2009, mais de 104 mil candidatos acorreram ao Tocantins para fazer provas num concurso dito e tido como sério, transparente, e cujas regras seriam respeitadas para fazer prevalecer sua credibilidade. Erros grosseiros de impressão e de formulação de questões provocaram uma verdadeira corrida de candidatos buscando anulação de questões mal elaboradas. Até aí, todos os problemas poderiam ser solucionados pela empresa contratada para elaborar provas, imprimi-las e divulgar gabaritos e resultados.

Mas como nada escapa de ser usado como trunfo político por partidos antagônicos no Tocantins, o concurso virou ringue onde as maiores forças políticas do Estado, até então, se degladiaram entre manter ou anular o concurso.

O problema é que 104 mil candidatos esperam que esta situação seja definida. Não há o que dizer sobre direcionamento de vagas. Não houve fraude, até onde se sabe, na execução das provas. Diferente de vestibulares e concursos pelo país afora, aqui ninguém fez prova no lugar de outro, ninguém foi surpreendido com pontos de áudio recebendo respostas, e finalmente aqui não houve resultado divulgado apontando beneficiamento de A ou B.

Então por que suspender os trâmites do concurso? Comoção popular em torno dos erros de elaboração de provas não justifica. Ação Popular movida por um candidato, Florismar de Paula Sandoval, com pedido de suspensão acatado no TJ é outra coisa que causou estranheza e motivou uma rede de emails na Internet questionando a isenção do desembargador, e os interesses político-partidários por detrás da questão.

Neste fim de julho, de tantas incertezas para o Tocantins, o que será do concurso do Quadro Geral do Estado é uma delas. Só que esta não depende do governador que está no cargo, ou do que entrará. Depende do discernimento dos homens de toga preta que despacham nos tribunais. Estes que podem garantir um mínimo de justiça para 104 mil esperançosos candidatos a uma vaga no serviço público. Para trabalharem de cabeça erguida, livres na manifestação do seu pensamento, e sem dever favor a ninguém.

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