Indígena da Bahia cola grau em Medicina na UFT e agradece acolhimento recebido

"O acolhimento não poderia ter sido melhor", disse Reginaldo que deixou a Bahia em 2007 para estudar Medicina em Palmas...

Reginaldo foi aprovado em concurso em SC
Descrição: Reginaldo foi aprovado em concurso em SC Crédito: Dicom UFT

A política pioneira de acesso ao Ensino Superior para indígenas da Universidade Federal do Tocantins (UFT) foi o que fez Reginaldo Souza Brás deixar a Bahia, em 2007, e migrar para Palmas. Representante do povo pataxó, ele foi aprovado no primeiro vestibular para o Curso de Medicina e colou grau, em gabinete, nesta quinta-feira (08).

"Na época a UFT era a única universidade com cotas para indígenas no Curso de Medicina", lembra ele. "E o acolhimento aqui não poderia ter sido melhor, do primeiro ao último dia", afirma. "O Dr. Neilton, coordenador do curso na época, estava me esperando quando cheguei. Então me senti em casa. O relacionamento com os outros acadêmicos também foi muito bom, que era o que eu mais tinha medo [que não acontecesse]".

Agora Reginaldo, que foi bolsista do Programa Institucional de Monitoria Indígena (Pimi) durante a trajetória acadêmica, está pronto para assumir o posto de médico na prefeitura de Painel, em Santa Catarina. "Faltando um mês para me formar eu passei nesse concurso que só tinha uma vaga e venci a concorrência. Então a gente pode ver que o curso da UFT tem qualidade, e vai melhorar ainda mais com a construção do Hospital Universitário", avalia.

Para ele, é preciso a aproximação, cada vez maior, entre os conhecimentos acadêmicos e populares. "O conhecimento dos povos indígenas é um conhecimento milenar que os mantém vivos até hoje. Mas eles mesmos reconhecem a importância do saber acadêmico e estão mais abertos a isso, tanto que lutaram pelas cotas". "Agora, eu gostaria de poder dar um retorno para meu povo, mas infelizmente não há políticas concretas para o aproveitamento de profissionais da área da saúde nas comunidades indígenas. Você não tem estrutura para trabalhar, por mais que queira retribuir. A Universidade cumpriu seu papel de formar, mas é preciso um trabalho conjunto que vá além", comenta ele.

Reginaldo é o segundo indígena formado em Medicina pela UFT. Ele colou grau poucos meses depois de sua turma, cuja formatura ocorreu em agosto de 2013, e que teve entre os concluintes a aluna Wilses Tapajós.

 

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