Inquérito sobre fraude em certidão da Delta envolve atentado a bomba contra informante: alvo seria ex-diretor da concorrente Qualix

Botetim de Ocorrência que consta no Inquérito que investigou e identificou fraude na emissão da Certidão de Acervo Técnico da empresa Delta S.A., mostra que durante as investigações um informante do MPE teria sofrido um atentado a bomba. Segundo o qu...

As investigações de fraude na emissão da Certidão de Acervo Técnico (CAT) da Delta S.A., documento utilizado pela empresa para vencer licitações em Palmas e em outros estados, envolvem até um atentado a bomba. O alvo seria o ex-diretor da Qualix, Gilberto Bertoldi Gaspar, empresa que também concorreu na licitação para limpeza urbana de Palmas vencida pela Delta em 2007.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, registrado pela Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas(GECOC) que consta nos autos do Inquérito divulgado pelo MPF na última semana, Gaspar participou ativamente na qualidade de informante da Ação Civil Pública instaurada pelo Ministério Público Estadual visando apurar irregularidades no Processo Licitatório 3.6244/2007, pelo qual a Delta foi contratada pela Prefeitura de Palmas para realizar a limpeza urbana da Capital e a coleta de lixo por aproximadamente R$ 71,9 milhões.

Segundo o BO, o ex-diretor da Qualix e informante do MPE teve seu carro explodido por uma bomba na garagem de sua residência em janeiro de 2010 e “as suspeitas da autoria do crime de dano recaem tanto sobre os gestores municipais citados na Ação Civil Pública, quando em funcionários do 1º escalão da empresa Delta Construções”.

Atentado

Conforme o relato do ex-diretor da Qualix que consta no BO, por volta das 2h da madrugada do dia 18 de janeiro de 2010 ele teria percebido um feixe de luz avermelhado e um barulho semelhante a um esguicho de água vindo de fora de sua residência e ao sair de casa para verificar houve a explosão na varanda de sua casa.

De acordo com o relato, teriam ocorrido várias explosões sucessivas e um fato curioso é que o veículo em questão se encontrava na parte externa da casa, sendo que o mesmo foi empurrado por quatro metros até a parte coberta da residência.

O BO destaca que o ex-diretor da Qualix recebeu ameaças antes e depois do atentado. De acordo com o que consta no documento, em novembro de 2009, Gaspar teria recebido uma ligação de número não identificado dando o aviso “pare de nos incomodar”. Após o atentado o informante recebeu ligação no mesmo dia, também de número não identificado, dizendo: “você mexeu com um político muito forte da região. Isso foi só um aviso para você voltar para sua terra”.

Inquérito

A íntegra do Inquérito sobre as irregularidades na contratação da Delta foi entregue ao Ministério Público Federal, a quem cabe agora definir quais serão os rumos do processo. As investigações da Polícia Federal apontaram adulteração no Atestado de Capacidade Técnica (ACT) emitido pela Agesp referenciando os serviços prestados pela empresa. O ACT foi utilizado pela Delta para conseguir junto ao Crea/TO a Certidão de Acervo Técnico, questionada na Justiça.

O relatório da PF, que identificou fraude na emissão da Certidão de Acervo Técnico (CAT) da empresa Delta S.A., manifestou pelo indiciamento do engenheiro e responsável técnico da Delta, Carlos Roberto Duque Pacheco, por o mesmo “figurar como o requerente da Certidão de Acervo Técnico perante o Crea-Tocantins”.

Ligações da Delta com Cachoeira

Interceptações telefônicas da PF referentes à Operação Monte Carlo apontam ainda haver ligação da Delta S.A. com o contraventor Carlinhos Cachoeira, sendo que em uma das escutas divulgadas pela imprensa, Cachoeira teria chegado a articular apoios políticos para a obtenção de contratos públicos com o diretor afastado da Delta, Claúdio Abreu.

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