Interrupção de obras estruturantes

O jornalista Aquiles Lins, formado pela UFPE estréia seu primeiro artigo neste espaço. Ele, que trabalhou como professor de Jornalismo da UFAM já atuou como editor de Política do Jornal O Estado e é reporter da Secretaria da Comunicação do Tocantins....

A cassação do governador Marcelo Miranda (PMDB) interrompe um processo de implantação de obras macroestruturantes no Tocantins. Esta é minha opinião. Se o TSE fosse uma instituição célere, sem finalidades políticas, teria julgado e cassado o governador ainda no primeiro ano do seu mandato, em 2007. Desta forma, quem assumisse, seja oposição ou situação, teria tempo suficiente para implementar políticas de governo a médio e longo prazos.

No entanto, o TRE diplomou-o e o TSE permitiu que Marcelo assumisse e colocasse em prática seu plano de governo, desencadeando numa série de ações estruturantes, com benefícios a longo prazo para a economia e o povo tocantinense. Um exemplo são as 38 mil casas populares construídas ou em construção, ou a luta governista pela inclusão da eclusa de Lajeado, essencial à nevegabilidade do rio Tocantins, no Programa de Aceleração do Crescimento. Essas e todas as demais obras que dependem de uma articulação política junto ao governo federal ficaram prejudicadas com a decisão da justiça eleitoral. A indecisão sobre quem vai assumir o governo do Tocantins, qual partido, qual aliança, quais interesses, é óbvio que interefe negativamente no andamento das obras importantes do estado.

Isso sem falar na retração dos investimentos privados. Se você fosse um empresário, potencialmente interessado em investir alguns milhões em um empreendimento lucrativo no Tocantins, você investiria, considerando a atual conjuntura política do estado? Claro que a secretaria de Indústria e Comércio não vai querer confirmar, mas provavelmente o ritmo de crescimento do Tocantins diminuiu sensivelmente, desde a decisão anacrônica do TSE e da chacota de mau gosto de sua excelência sergipana, ministro Carlos Augusto Ayres de Freitas Brito.

O Tocantins está vivendo um momento semenlhante ao que o Brasil viveu no fim de 2002, quando o mundo entrou em pânico, sem saber o que o presidente Lula faria da economia do país. Naquela época, o Risco Brasil disparou para mais de 4.000 pontos. Atualmente está em torno de 300. Se houvesse uma avaliação do Risco Tocantins, esse índice seria bem próximo (ou até maior) do índice brasileiro pré-Lula. Nessa mesma lógica, o investidor não tem certeza se quem assumir o governo estadual, manterá as mesmas políticas adotadas pelo governo Marcelo Miranda até agora.

Quem assumir o governo estadual, terá pela frente a tarefa de contornar a estagnação no andamento politico com o governo federal. O presidente da Assembleia, Carlos Gaguim, que é do PMDB mas não conta com o apoio da maioria dos caciques para sua candidatura ao mandato tampão, corre em certa vantagem nessa disputa, porque irá comandar o processo eleitoral, como governador interino. Alvo de muita polêmica pela imprensa e até por colegas políticos, o fato é que Gaguim deu um tapa de luva, bem ao seu estilo, nos que disseram aos ventos que ele, à frente da Casa, iria transformar a Assembleia numa Casa sem leis (sic).

Caso consiga vencer a disputa interna pela sua candidatura no PMDB e, posteriormente, as eleições indiretas, previstas para acontecerem em outubro, Gaguim terá pouco mais de um ano para dar continuidade às ações do governo Marcelo Miranda e, ao mesmo tempo, fazer sua política, na tentativa de consolidar seu nome como um líder no Tocantins. Caso se torne governador do Tocantins, Gaguim coroaria com chave de ouro sua biografia: de jovem assessor do deputado Machado, dormindo num colchão do antigo prédio da Assembleia, em Palmas, a governador. Isso dá um belo filme.

Este artigo foi postado originalmente aqui

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