Em tempos de pandemia, orienta-se não colocar as mãos no rosto para evitar um possível contágio, mas quando um cisco cai nos olhos ou surge uma sensação de coceira, a reação mais comum é a de esfregar a região atingida para diminuir o incômodo.
Esse hábito, que parece inofensivo, pode não somente tornar os olhos uma porta de entrada para o novo coronavírus e outros microrganismos, como ser um dos fatores causais do ceratocone, doença que é o tema da campanha Junho Violeta, promovida por profissionais da saúde.
A estimativa é que esta doença degenerativa atinja um a cada dois mil indivíduos, sendo que no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, cerca de 150 mil pessoas convivem com o problema.
Segundo o médico oftalmologista, Jezrael Lima, o ceratocone é uma enfermidade não inflamatória que afeta a córnea, a camada fina e transparente situada na região anterior do globo ocular.
“Trata-se de uma doença que deforma essa estrutura, fazendo com que ela afine, aumente sua curvatura e fique com o formato de um cone. Essa alteração na curvatura impede a projeção de imagens nítidas na retina e pode promover o desenvolvimento de grau elevado de astigmatismo irregular, muitas vezes não corrigido apenas com os óculos.”, explica o especialista Jezrael Lima.
O ceratocone pode causar ainda visão embaçada, imagens “fantasmas”, visão dupla, dor de cabeça, sensibilidade à luz e coceira. O diagnóstico pode ser feito pelo exame clínico ou por meio de avaliações da córnea, como topografia computadorizada (estudo da curvatura) e paquimetria (análise de sua espessura), que permitem identificar a doença nas fases mais precoces, ressaltando que ambos podem ser realizados simultaneamente.
O controle deve ser feito com exames específicos para avaliação de provável progressão a cada quatro ou seis meses, dependendo da idade do paciente e do estágio evolutivo do caso.
“O ceratocone pode levar à cegueira reversível, ou seja, o paciente pode ter uma perda significativa da visão, mas pode recuperá-la com os tratamentos atualmente disponíveis, com o uso de lentes de contato ou cirurgia e, em seu último estágio, o transplante de córnea”, explica o médico oftalmologista, Jezrael Lima.
As principais formas de reabilitação visual são com a prescrição de óculos e adaptação de lentes de contato rígidas corneanas ou esclerais, em casos mais leves.
Release com informações da Sociedade Brasileira de Oftalmologia
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