Senadora, seu nome foi indicado como pré-candidata ao governo do Estado pelo seu partido para o próximo ano. Esta intensa agenda nacional permite esta candidatura em 2010?
Kátia Abreu - Olha Roberta, em primeiro lugar eu tenho que agradecer muito ao meu partido, aos meus companheiros por esta indicação. Isto é um privilégio, é uma honraria muito grande. Realmente os compromissos são muitos, até porque eu tenho hoje duas responsabilidades muito grandes, e que estão interligadas. Uma é ser senadora da República, a primeira mulher senadora do Tocantins. A outra é presidir a CNA - Confederação Nacional da Agricultura, que o mandato de senadora ajudou bastante. Então estou muito absorvida com estas duas atribuições. Tudo que eu fizer na CNA vai repercutir aqui no estado. Tenho estado muito preocupada com a questão ambiental, com a questão do crédito para os nossos produtores, principalmente os pequenos e os médios que não conseguem se virar.
Então são tantos problemas, que eu prefiro deixar esta questão de 2010 um pouquinho mais pra frente. Agora, o fato de estar envolvida com compromissos nacionais não tem me impedido de manter contato com a minha base, sindicatos, associações, que é a minha obrigação. Eu sinto a necessidade de dar satisfação a eles do que eu tenho feito. Posso não estar aqui de corpo presente, mas não estou passeando por aí, não. Em qualquer lugar que eu esteja, 90% do meu tempo é trabalhando pelo Brasil e pelo meu estado.
Como a senhora tem recebido as críticas de representantes aí do Movimento Sem Terra, a exemplo do vereador Bismarque, na Câmara de Palmas, em que a senhora é apontada como inimiga da reforma agrária no Brasil?
Kátia Abreu – Eu tenho maior respeito pelo vereador, e pelas pessoas que emitem suas opiniões, em que pese eu possa achar que são opiniões injustas. Eu fui eleita pelo Tocantins para ser senadora da República e estou procurando agir de acordo com a minha consciência e principalmente de acordo com a vontade do povo que me elegeu. Então estas críticas, num sistema democrático, se nós políticos não recebermos com tranqüilidade é sinal de que não estamos preparados. Quem vai para a vida pública deve estar preparado para os elogios e principalmente para as críticas pesadas.
Kátia Abreu não é uma inimiga dos movimentos que buscam terra através da reforma agrária?
Kátia Abreu - Na verdade a esquerda brasileira sempre tentou se defender e confundir a sociedade quando se trata de discutir invasões de terra, no que realmente os produtores rurais pensam. Até outro dia eu debati com um senador de esquerda lá no senado, que é meu amigo, nós pensamos diferente, mas somos amigos (...) então eu disse a ele: “Não seja injusto nem falte com a verdade. Neste momento nós estamos discutindo invasão de terra, matança de gado, corte de árvores, direito de propriedade. Isto é crime. Com relação aos assentamentos, a grande maioria deles no meu estado me conhece. Por que lá eu fiz inúmeros cursos de qualificação profissional, e assentados depois que adquirem um pedaço de terra eles são produtores como outro qualquer. Aliás em desvantagem, por que quando recebem aquele pedaço de terra, começam aí os seus grandes problemas. Falta o título da terra que ninguém dá, o Incra se recusa a dar o título, falta estrada, falta energia, falta o trator, falta o insumo na hora certa, depois não tem pra onde vender.
Então, eu conheço o que acontece no campo do meu estado e do Brasil.Eu me especializei nisto, fui estudar estes assuntos. Então quanto a críticas dizendo que a senadora Kátia Abreu é contra a reforma agrária, os meus assentados do estado do Tocantins sabem que isso não é verdadeiro.
A senhora disse que não quer discutir agora a questão eleitoral do estado, mas outros partidos e outras lideranças estão se articulando, principalmente os partidos da base do presidente Lula. Como a senhora vê a possibilidade de sair aí Raul governador, João Ribeiro e Siqueira Campos ao senado numa mesma chapa?
Kátia Abreu – Acho natural que os que pretendam ser candidatos em 2010 possam estar discutindo e se articulando. Eu não acho que devo fazer isso, mas não vou condenar quem faz. Se acham que devem antecipar esta discussão tudo é possível num regime democrático. Vejo com naturalidade que os partidos da base do presidente se articulem. Mas nós estamos conversando também, os democratas com todos os partidos. Estamos reunindo com nossos deputados estaduais hoje, discutindo também isso.
Estamos observando no Brasil uma coisa interessante. Grupos que antes estavam em lados opostos estão se unindo, buscando mais partidos, tentando lutar pelo Brasil, tentando que as coisas fiquem um pouco mais fáceis diante de tanta crise, e de tantas dificuldades. Esta hora é a de unirmos esforços em prol do nosso Tocantins. O povo não quer saber da briga do partido A que brigou com o partido B, que brigou com o partido C. A população brasileira e tocantinense quer que os políticos se unam, e que os partidos possam estar colocando em primeiro lugar a situação do Estado. Então eu vejo perfeitamente possível que partidos que estão hoje na base do presidente Lula, possam estar em 2010 com os Democratas, com o PMDB, com o PPS para a eleição de 2010. Nós estamos conversando com o senador João Ribeiro, com o PR, com o deputado Eduardo Gomes, do PSDB, com o PPS, PDT, PMDB, com o próprio governador e tenho certeza de que vamos construir uma chapa competente e que tenha a confiança do nosso povo para gerir os destinos do Tocantins.
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