A aliança entre o DEM de Kátia Abreu e o PSDB do ex-governador Siqueira Campos é coisa consolidada. Mas a escolha entre os dois nomes para encabeçar a chapa não está definida. “Temos vários instrumentos para orientar esta escolha. Não basta estar na frente nas pesquisas, eu ou o ex-governador. É preciso medir teto de crescimento, rejeição a cada um dos nomes e esperar o dia 3 de abril. Até lá muitas surpresas podem acontecer”, definiu a senadora em entrevista coletiva concedida na manhã de hoje á imprensa do Estado em seu escritório na Capital.
Ao lançar no Estado seu livro “2 palavras + 11 argumentos”, Kátia Abreu falou durante duas horas sobre política. Descartou qualquer possibilidade de ser vice de Siqueira Campos, alimentou o discurso de que o PMDB pode se juntar ao PSDB e ao DEM, e explicou por que está qualificada para ser vice de José Serra: “O Tocantins agrega, mas o que as pesquisas estão mostrando é que o meu nome representa a defesa do setor empresarial, do setor produtivo, que corresponde a 1/3 do eleitorado” .
Confira alguns dos principais trechos da entrevista da senadora e pré-candidata ao governo.
Reforma Agrária
“A população não é contra a reforma agrária. Nós não somos contra. Agora, é preciso ver quais os meios utilizados para a defesa desta bandeira. É possível permitir quer se agrida a Constituição? É permitido levar a intranqüilidade e a violência ao campo? Não se pode rasgar uma página sequer da Constituição em defesa de uma bandeira, por mais bonita que ela seja.”
Disputa presidencial
“Aécio Neves é o único candidato a vice-presidente que nós aceitamos ocupar esta posição ao invés do DEM. Com esta atitude estamos demonstrando espírito público, por que entendemos que ele é o melhor nome. Agora, se não for Aécio, o DEM requer a vice de Serra. Só de tempo na televisão, temos 8 minutos, sem falar nos outros critérios”.
Sobre ser vice de Serra
“Meu nome tem sido lembrado para ser vice numa possível composição pela liderança no setor que eu represento. Se você fizer uma conta simples, são 25 milhões de pessoas envolvidas com o trabalho no campo. Nós representamos 1/3 do setor produtivo do País. Na zona rural é que está o vínculo empregatício mais duradouro. Nós somos compadres dos nossos funcionários, nós temos uma convivência pacífica. O Tocantins me ajuda, pela posição estratégica, por estar mais perto do Norte e do Nordeste. Mas não é isso que eu estou buscando. O que eu quero é disputar o governo do Tocantins”.
Sobre a aliança com Siqueira
“Para definir por esta aliança, nós fizemos duas pesquisas qualitativas e três quantitativas. A possível aliança entre nós e o ex-governador tem aprovação entre 63% e 76% da população. Estou apostando nestes números. É uma aliança que está praticamente consolidada. “
“Na hora da decisão sobre quem será cabeça de chapa, não conta apenas quem está na frente, que posso ser eu, ou ele, como hoje ele lidera (Siqueira). Temos instrumentos para aferir teto de crescimento, rejeição e outros fatores. Nós combinamos que até o dia 3 de abril, vamos analisar este cenário com calma”.
Sobre o PMDB
“Nós estivemos juntos até poucos dias. Se em 2006 o DEM ajudou a eleger um governador do PMDB, por que agora não pode ser o contrário? Não acho impossível que o PMDB esteja conosco numa aliança DEM, PSDB e PMDB. Impossível é a aliança do DEM com o PT. O deputado Vicentinho, por exemplo, é do PR, e é um aliado do ex-governador. O senador João Ribeiro está defendendo uma candidatura própria, que é natural, mas até ontem era também aliado do ex-governador. Então até 3 de abril, muita coisa ainda pode mudar”.
Falta planejamento ao governo
“Política é feita de símbolos. Ou você é oposição ou não é. A população espera isto. Não me arrependo de nenhuma atitude que tivemos de questionar judicialmente o governo que se elegeu de forma indireta. Se fosse preciso faria de novo. Mas o que me incomoda hoje é a falta de planejamento do governo do Tocantins”.
“Não vejo planejamento nas questões sociais. Não vejo um projeto consistente de combate à pobreza. E nossos índices são alarmantes. Não vejo planejamento para o combate à gravidez na adolescência, aos índices assustadores de câncer de colo do útero. Ou aos altos índices de trabalho infantil. Então o que nós precisamos discutir é o projeto de Estado, o projeto de governo de cada um”.
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