Desde que o TSE votou o Rced 698 cassando os mandatos de Marcelo Miranda e Paulo Sidney é sabido que Gaguim teria dificuldades com o PMDB. Embora tenha o apoio de Osvaldo Reis, Júnior Coimbra e muitos outros, ainda precisava passar por Derval, Moisés, Eudoro, e a turma dos Miranda. Pois estas dificuldades não existem mais. Presidente reeleito numa eleição que ele próprio antecipou, Gaguim tem sido maestro do próprio destino com habilidade invejável.
Nos últimos dias, teve problemas com a senadora Kátia Abreu (DEM), com quem estava acertado desde julho. Segundo ele, a desavença tem ligação com o apoio que seu governo dará ao presidente Lula. Gente próxima da senadora desdenha: “nunca passou pela cabeça da Kátia que entre ela e o Lula, o PMDB ficaria com ela”. Para amigos de Kátia o problema é que ela não concorda com as negociações em torno da eleição de Gaguim.
Sejam lá quais forem os motivos, agora isto não é o mais importante. Nem Kátia, nem Siqueira, nem os insatisfeitos do PMDB poderão conter a candidatura do governador interino Gaguim, ao mandato tampão que termina só em 2010. Raul Filho (PT), ao falar em nome dos prefeitos do Estado, profetizou. Disse que o mandato não chega às mãos de Gaguim por “coincidência” e “quem sabe” ele não terminará seu mandado em dezembro de 2010, podendo inclusive ir além disto.
Ribeiro apóia
O senador João Ribeiro, que se colocou como “um amigo, um aliado”, do governo que começa nesta quarta-feira, 8, disse que estará à disposição para ajudar o Estado no que for preciso. O clima é este, e os discursos todos convergem para esta direção. Desde a fala do deputado Stálin Bucar - que iniciou um tumulto na porta do Araguaia quando tentava agredir verbalmente o ex-governador Marcelo Miranda – até Ribeiro, todos foram unânimes em antecipar que a eleição de Gaguim “está bem encaminhada”.
Nos próximos dias a Assembléia Legislativa aprovará a lei que chama eleições indiretas dentro de 30 dias, segundo antecipou o novo secretário Chefe da Casa Civil, Antonio Braga Júnior, que deixa a diretoria geral da Assembléia para seguir o governador recém empossado. “É constitucional, está nos textos das duas constituições, estadual e federal”, sustenta.
Mas se depender do presidente em exercício, Júnior Coimbra (PMDB), que teve sua campanha lançada à presidência pelo próprio Gaguim, este prazo poderá ser diminuído. Coimbra quer a votação dentro de 10 dias, contando para isto com a colaboração do TRE, que pediu de público na sessão. “O Tocantins já está esperando há muito tempo para ter este impasse resolvido”, argumentou.
Lélis adere
Na noite de terça-feira, 8, depois das comemorações na casa de Coimbra, o governador interino foi à casa do deputado do Partido Verde acompanhado de companheiros, conversar com Marcello Lélis. A se levar em conta todos os discursos feitos nesta manhã de quarta-feira, as resistências finais foram vencidas. O senador João Ribeiro disse na tribuna que ouviu do deputado Marcello Lélis (PV), que o momento é outro, e que uma vez reafirmado pelo TSE que as eleições devem ser indiretas, Lélis passa a integrar o projeto de Gaguim.
Aguardado na porta do Palácio Araguaia por Marcelo e Dulce Miranda, Gaguim recebeu o governo oficialmente das mãos do ex-governador, após a posse solene na Assembléia. De lá retornou para anunciar novos nomes para o secretariado. “Quem estiver pensando que nós não estamos preparados, se engana. Nos próximos dias vamos anunciar as mudanças que virão”, disse o novo governador. Se tudo correr como planejado, legal e politicamente, Gaguim será governador até 2010.
Para isto está construindo uma grande aliança composta por partidos e líderes. Todos eles chegam a tempo de compartilhar o poder e dividir a responsabilidade. Do lado de lá, por enquanto, restaram apenas Kátia Abreu e Siqueira Campos. Uma escolha que pode estar desde já, surtindo o efeito de um divisor de águas para 2010.
Comentários (0)