Loteamento no Taquarussuzinho tem tudo pra dar errado

Retorno à Palmas com a notícia de que o prefeito Raul Filho confirmou durante evento em Taquaruçu na segunda-feira, a liberação do loteamento popular às margens do ribeirão Taquarussuzinho, uma das fontes de abastecimento de água potável de Palmas. S...

Taquaruçu é uma "pequena cidade", que cresceu entre a serra e o rio, cercada de verde e natureza rica em diversidade a ser preservada. Seu crescimento, alavancado pela proximidade com Palmas já provoca efeitos visíveis de devastação de matas ciliares às margens do córrego Taquaruçu e Taquarussuzinho. É as margens deste último que a prefeitura luta há cerca de um ano para instalar um conjunto habitacional com 80 casas e 280 lotes.

Eu digo "luta", por que os contratempos não tem sido pequenos, e com razão. A obra vai impactar as margens do ribeirão Taquarussuzinho de maneira que por mais que a equipe do secretário Eduardo Manzano diga que não, tende a ser irreversível. A movimentação de terras em cima da serra na pavimentação da estrada que leva à Santa Tereza já cobriu muitas fontes e agravou o assoreamento do ribeirão com material que desceu com a chuva. A Cachoeira do Roncador, que perdeu volume de água a olhos vistos, é a maior testemunha disto.

O que dizer então do impacto destas pessoas morando tão próximas às margens do ribeirão? e a movimentação de material de construção? E a estrada que terá que ser feita? Quem conhece o declive do terreno sabe do que estou falando. Tudo que foi feito alí, descerá, fatalmente água abaixo. Isso para ficar só por aí. Sem dizer nas consequências normais de tantas famílias vivendo tão próximas do rio.

A prefeitura não poderá garantir o impacto de lixo e atividades depredatórias naquele lugar. Ao tomar este caminho, e apostar em soluções evasivas do tipo "vamos fazer campanhas de educação ambiental", ou "estamos reservando 60 metros à margem do ribeirão", o poder público corre um risco grande de condenar este lugar. Esta é a minha opinião, fruto da observação de casos semelhantes, e que, salvo outra atitude ainda a ser tomada, a história e o tempo vão confirmar.

Entendo a necessidade das moradias e sou favorável a elas, mas em outra área. Quem conhece Taquaruçú sabe que a cidade não pode crescer para as margens dos rios. Pelo contrário. Todas as obras de iniciativa privada que estão ferindo a legislação e comprometendo a vida dos ribeirões precisam ser retiradas. A melhor alternativa está na entrada do distrito, à beira da rodovia, na parte superior.

A área é privada, e precisaria ser desapropriada e indenizada. Ferir interesses privados para o bem público são ossos do ofício de homens públicos. Mas trata-se aqui de defender o que é melhor para a coletividade. E estes dois córregos, são fundamentais para Taquaruçu, e para Palmas. É hora de repensar.

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