Alguns podem dizer que a culpa por este cenário de incerteza é do prefeito Raul Filho, que não chamou de fato seu grupo às falas para definir um nome. Mas não é bem assim. Ou melhor: Raul deixa o barco correr solto no oficial, mas se movimenta nos bastidores para não ter que apoiar quem não quer.
Cena 1 – Núcleo duro de Raul rejeita postulação de Luana
Conta uma fonte que devo preservar a fim de mantê-la pelos próximos meses, o seguinte episódio: a deputada Luana Ribeiro(PR), que aparece em segundo com 25% na pesquisa do jornal O Servidor, vem tentando buscar o apoio dos pré-candidatos que já estavam há mais tempo no grupo do prefeito Raul.
Com esta intenção foi procurar o deputado Wanderlei Barbosa(PSB) em sua casa. Como os mais atentos observadores já perceberam, o deputado da região de Taquaruçu parece ter recebido uma injeção de ânimo nos últimos 30 dias. Fala-se nos bastidores em uma convocação de Raul para que ele se apresentasse de forma mais propositiva como pré-candidato. Mas vamos à cena.
Segundo conta a fonte, Wanderlei nem chegou a deixar a deputada sentar para conversar sobre apoio à sua pré-candidatura. “Eu quero perder uma”, teria dito Vanderlei à Luana, descartando qualquer possibilidade de recuar para apoiá-la. Nas ruas a conversa é que Edna Agnolin tem a mesma indisposição.
Os dois, Edna e Vanderlei, são o que resta do núcleo duro de Raul, e estariam unidos na intenção de definir, via pesquisa, quais dos dois tem mais chances, e apresentar o resultado ao prefeito, cobrando o prometido apoio. Vamos ver.
Cena 2 – Eli Borges tem referendo do PMDB para ser candidato
O PMDB, sob o comando do deputado Júnior Coimbra parece ter descartado a possibilidade de fazer composição que exclua o deputado Eli Borges de uma candidatura majoritária em Palmas.
Para isto vários fatores pesaram. O mais importante, é que tanto nas recentes pesquisas que o partido fez, quanto nas que setores do governo fizeram para consumo próprio, Eli apareceria na frente de Luana ainda que por diferença pequena. E na frente dos outros dois pré-candidatos do grupo raulzista: Edna e Vanderlei.
Como se sabe o PMDB e o PT sempre tiveram aquela relação mal resolvida em que o PT era coadjuvante. Agora a cena se repete. O PMDB quer o apoio do PT, sem sombra de dúvidas, mas não está bem certo de que conseguirá. Justamente por que existem outros mais próximos, com chances de vitória, e sem grandes diferenças percentuais.
À deputados do alto clero peemedebista, Coimbra tem dito que o partido terá candidatura própria em Palmas. Como eu já disse aqui antes, se o PMDB negar legenda a Eli desta vez, pode se arriscar a perder um deputado com votação expressiva na capital, um colégio fundamental para qualquer projeto em 2014.
Cena 3 – Tríplice aliança pode lançar Amashta ou Alan
Numa outra frente oposicionista, o PC do B, PSB de Alan Barbiero (que tem a preferência escancarada de Laurez Moreira) e o PP de Carlos Amashta, já selaram a tríplice aliança. Este grupo pode lançar o empresário colombiano ou o ex-reitor da UFT. Amashta tem se cercado de profissionais de marketing eleitoral há muito tempo, traçou sua estratégia e tem dito nos círculos que frequenta: “quem tem dinheiro para bancar uma campanha em Palmas? O governo e eu. Então vamos ver como ficará”.
Diante desta pergunta, voltamos ao primeiro cenário, em que Raul e seus aliados mais próximos têm rifado a pré-candidatura da deputada Luana Ribeiro, atropelando inclusive um processo de aproximação com o senador João Ribeiro, pré-candidato ao governo em 2014.
A “birra”do grupo mais próximo de Raul com Luana parece ter se acirrado com a publicação da pesquisa do jornal O Servidor, em que ela abre vantagem sobre os demais de quem busca apoio para uma aliança. Algumas declarações da deputada também foram consideradas um sinal de que ela se isolava na posição de “a melhor” opção para enfrentar Marcelo Lélis. Esta onda de antipatia pode forçá-la a marchar com os partidos cujo comando está ligado ao senador: PTN e PRTB.
Falando sobre isto um dia destes a deputada dizia que seguirá com seu trabalho de consolidação de sua pré-candidatura. “Devo isso ao meu pai, por que 2012 é uma prévia de 2014”.
Coringa do jogo é João Ribeiro
É aí que está a questão. João Ribeiro, que se distanciou do governo, anunciou aliança com Raul para o futuro, fez todo o trabalho prático de carrear recursos para a gestão petista (que lhe rendeu agradecimentos públicos do prefeito), está temporariamente distante desta fogueira em que ardem inúmeras vaidades.
Quando sair do leito em que enfrenta um mal desconhecido no Hospital Sírio Libanês, poderá definir metade deste jogo. Seja batendo no peito e chamando para si a responsabilidade de bancar a campanha da filha, política e materialmente falando. Seja revendo posição sobre quem são seus verdadeiros aliados.
Um desconforto em ficar em confronto com o governo no interior, com base na situação de enfrentamento da capital, já teria sido sinalizado por prefeitos mais próximos e com maior vínculo de amizade ao senador. Estes defendem que o melhor para o projeto de Ribeiro em 2014, não seria a candidatura da filha agora.
Do jeito quer as coisas vão as incerteezas ainda são grandes, mas uma coisa é inegável: a oposição terá pelo menos dois, mas poderá chegar a ter três ou quatro candidatos. Já que Aragão também está com o nome na praça.
Nem é preciso dizer quem lucra com isto, não é mesmo?
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