Terminou quase uma hora da tarde a reunião da Comissão Especial de Visita ao Sudeste, realizada na manhã desta quinta-feira,11 em Arraias. O salão da sede da maçonaria estava repleto de uma gente simples, da pele marcada pelo sol,na sua maioria com a expressão transformada pela esperança de ver acabar o sofrimento da falta de água na próxima estiagem que chegar ao Tocantins, depois que as chuvas forem embora.
Os cinco deputados membros da comissão criada para visitar a região, estiveram presentes ouvindo comunidade e equipe técnica de governo, para encontrar alternativas que diminuam o impacto das condições climáticas, agravadas nos últimos três anos.
Depois de praticamente três horas de conversa, onde quem quis se manifestar teve direito de usar a palavra, a tendência de alguns deputados ainda é acreditar que a escavação de poços artesianos é a solução mais rápida. Não é. Estudos de viabilidade, compra de equipamentos, disponibilidade de energia no sertão de meu Deus. Tudo isso atrasa que esta água, de poço, venha matar a sede dessa gente.
Por vários motivos bem explicados pelos engenheiros alí presentes a solução mais rápida e barata é que o governo construa estruturas de armazenamento de água. "Está chovendo agora deputados, mas o gado que morreu, a lavoura que acabou, e a fome que o povo passou a chuva não traz de volta". As palavras da secretária de Educação do município, Elaine, refletem bem o sentimento da população arraiana e de toda região circunvizinha. O que a estiagem está deixando de pior é uma herança de empobrecimento para as pessoas simples da zona rural.
A cada ano elas vem perdendo, gado, casas, e a condição mínima de sobreviver no campo. A saída é fugir para a cidade para não morrer de sede. E na cidade, sobreviver passando fome.Depois de tudo que tenho lido, visto e acompanhado na Secretaria de Recursos Hídricos, fiquei com a convicção de que a perenização dos rios, obra de alto custo e longa duração não resolve o problema que vai bater na porta dessas pessoas ano que vem.
Trocar os telhados das escolas na zona rural, construir imensas caixas de armazenagem de água da chuva, como alguns técnicos sugeriram me parece mais fácil e barato de implementar. Mas é preciso rapidez e praticidade para viabilizar um projeto neste sentido, e garantir recursos no Orçamento para executá-lo.
Dentro de quatro meses, a chuva torrencial que cai agora, vai deixar de existir. E para o povo do sertão, é preciso que chegue outra solução além do carro pipa.
Roberta Tum
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