Na vida e na política pessoas continuam seguindo pessoas.... e os partidos se desfigurando

Sem julgamentos, condenações ou absolvições, esta sexta-feira, 29, pré-convenções e pós mudanças radicais ocorridas esta semana, em que (quase) tudo mudou de lugar, vale uma reflexão, quase filosófica. Sobre política, pessoas e partidos....

Um amigo me ligou decepcionado no começo da tarde. Decepcionado com política, e com o partido em que está. Vai sepultar o sonho de ser candidato a vereador. É o segundo que assisto desistir desanimado. Imaginou que era uma coisa. Mas é outra. Pensou que tinha chance. Não tem.

Esta fase prévia, o primeiro tempo, já tira de campo todos os jogadores que podem atrapalhar os planos de quem dá as cartas (vaga na convenção, legenda para disputar, verba para campanha, material), e também os que percebem que vão gastar o que tem, e correm o risco de sair devendo o que não têm. Com pouca ou nenhuma chance de vitória.

Tenho precisado de um ombro largo para ouvir a choradeira de uns, e a decepção de outros que querem, sonham, mas não conseguem quebrar as barreiras e participar da política mantendo a pureza e a inocência. E quem disse que a política partidária é lugar para inocentes?, pode perguntar-se o leitor mais ácido.

É, pois é, anda difícil.

Esta semana, brinquei no Twitter que a trilha sonora para os últimos acontecimentos está mais para Cássia Eller do que para Raul Seixas. Nos versos de Nando Reis, imortalizados pela roqueira, empresto a pergunta. “O que está acontecendo? O mundo está ao contrário, e ninguém reparooou...”E mais adiante, vale para quase todos os discursos que conheço, a frase: “O que você está dizendo? Milhões de frases sem nenhuma cooor...”

Verdade. Mas este não é um artigo pessimista. Ao contrário. É uma parada para dizer que desistir não vale a pena. Enquanto os bons cederem espaço aos “espertos demais”, a maioria da população vai continuar votando errado, elegendo gente sem nenhum compromisso com causas, bandeira, solidariedade, melhor distribuição de renda.

Enquanto os puros demais forem também fracos demais, esta será uma luta desigual.

É preciso encontrar o caminho, achar a saída, inventar a alternativa. Se é possível? É claro que é. A sociedade está aperfeiçoando seus mecanismos de controle da classe política. Enquanto isso viva a irreverência, fortaleça-se os autênticos, incentive-se os bons.

O que se viu na política tocantinense, e especialmente na palmense esta semana é que partidos, de fato não existem mais como fronteiras ideológicas. De lado nenhum. Podemos colocar uma lápide na maioria deles.

O Brasil precisa de uma reforma política. Mas para quê? Podem se perguntar novamente os céticos, se as pessoas continuam seguindo pessoas, na vida e na política, independente de regimento, estatuto e bandeira ideológica?

Por que é difícil demais acreditar em pessoas que não assinem termos e façam compromissos mínimos, coletivos.

Este modelo que estamos vivendo, está falido. Isto é fato. Uma grande reforma partidária só funcionará no dia em que estiver novamente dividido e bem claro o que cada um deles defende como via de solução para os problemas que enfrentamos neste nosso tempo.

E no dia que afetos e desafetos não moverem este caldeirãem que precalecem interesses pessoais e mágoas.

Boa fim de sexta a todos. E vamos à feira, onde todos se misturam e são iguais, entre barracas de cheiros e temperos.

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