Ouvi de um jornalista na tribuna da Assembléia na manhã de hoje a seguinte frase: “É impressionante como o ex-governador Siqueira Campos consegue pautar a mídia para continuar discutindo os assuntos que ele quer”. O colega estava se referindo ao “Movimento das Diretas”, que não nasceu do povo, não empolga e não está presente na sociedade organizada dos municípios por onde passei neste final de julho.
O movimento é encabeçado por vereadores e líderes normalmente fora da mídia, e com pretensões de disputa à vagas na própria Assembléia. Sem nada a perder, aproveitam o momento. Caso a tese de que não houve vacância, e sim desinvestidura - defendida pela União do Tocantins – prevalecer no STF, estes “novos líderes” do movimento das Diretas, estarão mais conhecidos na mídia e fortalecidos junto a Siqueira. Se não der em nada, já valeram as matérias de jornal.
O fato é que a Assembléia tem uma responsabilidade grande, e um desafio maior ainda. A responsabilidade de escolher um governador que – de preferência - tenha maioria na casa. Isto para que haja governabilidade neste pouco mais de um ano que está faltando para 2010 terminar com novo governador eleitor por via direta. Por outro lado, os deputados enfretam o desafio de mostrar para a sociedade que a Assembléia não é um mercado de barganhas por cargos, obras e outras vantagens mais.
Vencidos estes dois momentos: o de debate com a sociedade e o da escolha do governador, a tarefa árdua será fazer cortes nas despesas, administrar o orçamento, e contornar o déficit que já se anuncia nas contas do governo. Afinal, ninguém pode garantir que a expectativa de receita será mantida no quadro atual da economia nacional, e da instabilidade institucional local.
Eleger o governador do mandato tampão, é hoje a maior discussão entre os que querem eleições indiretas, como definiu o pleno do TSE, e os que querem as diretas -sob o argumento da democracia – mas que no fundo fazem a leitura das pesquisas que apontam o ex-governador Siqueira Campos na frente das intenções de voto hoje.
Se eleito, num quadro de aprovação das diretas pelo STF, Siqueira teria pela frente o desafio de governar um ano e alguns meses, com uma Assembléia Legislativa de oposição, a se manter o quadro que está desenhado. Será que isto seria positivo para seu grupo político a médio prazo? Um mandato tampão desastroso, para Gaguim, Avelino, Derval, ou Siqueira teria repercussões imediatas em 2010.
São realmente muitas as interrogações que já assombram a primeira semana de agosto. Semana de publicação de decisão no TSE, e protocolo de embargos declaratórios. Um agosto que será vivido com agonia por todos os interessados, dia a dia, e cheio de novos fatos na sempre fervilhante política tocantinense.
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