O Tribunal Superior Eleitoral, ao julgar na noite de ontem, quinta-feira, e madrugada de hoje, sexta-feira 26, o Recurso Contra Expedição do Diploma do Governador condenou basicamente três procedimentos: as doações de bens feitas através do Governo Mais Perto de Você em ano eleitoral (2006) e sua capacidade de influenciar no resultado das eleições; as doações de lotes (Taquari e outros) às véspera do período eleitoral (junho de 2006), as demissões, contratações e transferências de servidores em período vedado.
O governador Marcelo Miranda, candidato à reeleição - julgaram os ministros - abusou do poder político. O resultado está dado, e sobre ele, embora restem os embargos declaratórios, não há o que discutir, mas algumas coisas a se pensar.
Certamente os milhares de beneficiados pelo Governo Mais Perto de Você, têm uma visão diferente destas ações de governo, do que aquela que tiveram os ministros. É preciso conhecer a realidade dos rincões tocantinenses para saber a diferença que fez para milhares de pessoas, o recebimento de consultas especializadas, exames de maior complexidade, e "os óculos a perder de vista", que foram alvo de piada do ministro Carlos Ayres Britto, douto presidente do TSE.
Mas algo prevalece nesta sexta-feira, 26, além do sentimento de decepção de parte da população, que votou na chapa vencedora e viu o resultado da eleição ser alterado dois anos e meio depois. Algo se sobrepõe ao sentimento de "alma lavada" dos que perderam a eleição e a consideraram "roubada". E este algo é a incerteza absoluta sobre o que virá com a eleição indireta a ser realizada por 24 privilegiados eleitores, que decidirão os destinos de mais de 1 milhão.
Pela regra, logo após os embargos declaratórios (que podem manter o governador no poder por mais um mês), deve assumir o governo do Estado, o presidente da Assembléia Legislativa, Carlos Henrique Amorim, o Gaguim (PMDB). Ele é quem deverá convocar as eleições indiretas.
Para elas, os partidos deverão realizar convenções e indicar candidatos, estando vedada a participação na disputa daqueles que foram afastados. Todos em pleno gozo de seus direitos políticos podem ser candidatos. Mas apenas 24 eleitores podem votar.
Mais do que nunca, eleitores, segmentos organizados da sociedade, imprensa, órgãos de defesa dos direitos do cidadão, devem estar atentos. O Tocantins viverá uma eleição atípica, num momento tenso da história política do Estado. Eleição esta, que pode interferir cabalmente no processo eleitoral de 2010, que se avizinha.
O dia seguinte no Tocantins traz a mistura de vários sentimentos à população. Mas o maior deles, que é a incerteza, só pode ser amenizado com redobrada vigilância.
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