Nem parece ser o Tocantins. De fora, dá a impressão que dormimos em Palmas e acordamos no Rio de Janeiro, ao nos depararmos nas últimas semanas com as notícias de desaparecimento de jovens, sucedidas por outras notícias de surgimento de cadávere, e partes deles. O de Caio Gouglas, possivelmente, é o que surgiu sem as mãos.O exame de DNA vai confirmar ou não a hipótese, mas a probabilidade é grande.
Assunto delicado, especialmente em razão do sofrimento da família que perdeu seu filho de forma violenta, o tema merece e precisa ser abordado. Há outro jovem desaparecido, em condições que encontram semelhanças com a do jovem Caio, que teve uma das mãos encontrada, e identificada graças a um dos setores melhor estruturados da nossa segurança: o de peritos papiloscopistas. Eles reidrataram a mão mumificada, e conseguiram identificar a digital necessária à confirmação da identidade do rapaz.
Grupo de extermínio ou ação de gangues?
Falo que o tema é melindroso por que há alguns elementos preocupando nestas ocorrências: a possibilidade de estarem ligadas ao submundo do crack combinada com a tese de que gangues de jovens ligados a traficantes possam também estar fazendo este serviço sujo; ea suspeita de que haja um grupo de extermínio formado por "justiceiros" em ação.
Dívidas de traficantes nos bairros periféricos de Palmas são cobradas de forma violenta e conforme denunciado na tribuna da Câmara da Capital pelo vereador Milton Néris, um código de silêncio tem imperado nas comunidades onde os traficantes comandam o show, por uma questão de sobrevivência. Caso recente, o de um jovem degolado na porta de casa no Setor Santa Bárbara, foi citado pelo vereador, que vem assumindo a bandeira e cobrando “tolerância zero” com traficantes.
Quem matou Caio Douglas?
Executar um jovem com um tiro na cabeça e cortar as mãos, no código do crime é indicar que a vítima roubou alguém intolerante. E quem seria capaz de uma atrocidade destas? Teria o crime organizado chegado a este requinte em Palmas em tão pouco tempo? São perguntas que aportam por aqui em emails e telefonemas de pais e cidadãos preocupados com o rumo que as coisas podem tomar.
Imprensa, como se sabe, não é polícia, mas ouve muito do que o cidadão às vezes só tem confiança em dizer a jornalistas, justamente por que não quer ser identificado, ou sofrer represálias.
Em dias tristes como estes, em que a sociedade vai perdendo seus filhos, pobres ou ricos para o mundo da droga e seus chefões, cheios de códigos e de um universo paralelo de leis, precisamos de uma polícia cada vez mais inteligente e eficiente. E que se mantenha estritamente dentro da lei no exercício de suas funções. Nada mais.
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