Sempre achei que as pessoas são um pouco daquilo que acreditam. E também são fruto daquilo que conseguem fazer de suas vidas diárias. Lógico, tem a família, o meio, mas nada disto é maior ou mais forte – como diria Tião Pinheiro – do que o caráter.
Não se trata de dividir o mundo mais entre bons e maus, capitalistas e socialistas, de esquerda e de direita, trabalhadores e patrões. Mas é imperioso reconhecer que as pessoas se movem na vida motivadas por objetivos diferentes. Uns perseguem a riqueza como valor supremo. E por aí vão passando por cima de tudo e de todos os outros. Por cima da lei, da família, do nome, dos amigos. Uma questão de valores.
A descoberta, cada vez mais, de lobos em pele de cordeiros: gente se fazendo de decente, honesta, cumpridora de seus deveres – enquanto vivem uma realidade paralela envolvidos em tudo que é ilícito, desonesto, com a finalidade de chegar mais rápido e mais fácil aos bens que almejam como medida do sucesso - é coisa que assusta, surpreende e preocupa.
Abro este parêntese meio filosófico neste domingo à tarde para fazer uma pausa para meditação. Tanta corrupção, ativa, passiva, tanta inversão de valores choca os que conseguem levar suas vidas com menos, com pouco, com quase nada, mas respeitando os limites do outro. Não se trata de fazer uma ode à pobreza. Mas de defender uma sociedade mais equilibrada, de convivência mais harmônica, de respeito à vida, ao planeta, ao próximo.
Também não estou fazendo apologia religiosa, embora estes valores de respeito à vida, ao outro, estejam impregnados na maioria delas.
É que estamos vivendo dias difíceis. Crescimento da violência, quebra da confiança nas instituições, um momento de nítida mudança no planeta, nas nações que se destacam no mundo. A humanidade caminha para a compreensão e defesa de valores da igualdade de direitos, do respeito à natureza até como forma de sobrevivência do ser humano no planeta.
Isso se reflete numa atenção maior da sociedade com seus governos, numa compreensão melhor de que as pessoas têm direitos mínimos, numa necessidade de viver de forma a criar mecanismos de justiça social. Ninguém é feliz sozinho. Tudo está interligado. As pessoas precisam umas das outras. O que é de todos não pode ser roubado por alguns “mais espertos” e prontos a levar vantagem em tudo.
Pensamentos simples, que fazem toda a diferença na hora de dividir o mundo entre nós e eles. Nós que queremos a não violência. Nós que queremos garantir a liberdade de pensamento e expressão. Nós que queremos viver com menores diferenças sociais e de educação. E eles.
Eles, os ávidos por tudo. Eles, os habituados a corromper e ser corrompidos. Eles para quem o dinheiro vale tudo e governa o mundo. Eles que não têm nada a defender ou proteger além do próprio patrimônio.
Acima de todo cansaço e desesperança que fatos negativos e revelações bombásticas possam provocar, temos a necessidade cada vez mais de sermos, nós, mais fortes do que eles. Para estarmos aptos e prontos a operar as mudanças de que o mundo necessita, de certa forma já caminha para elas e que não será possível mais evitar.
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