O adeus silencioso de João Costa, seis meses depois de muitos desencontros

O ex-secretário de Segurança Pública, João Costa, deixa o governo após seis meses e meio de uma gestão turbulenta. Por trás da versão educada de sair por decisão pessoal, para dar "outro rumo à sua vida", está uma trombada com o chefe maior...

A saída de João Costa, advogado, suplente de senador e amigo pessoal do governador, desfalca ainda mais o núcleo de auxiliares ligados diretamente ao chefe do Executivo, num governo dividido entre auxiliares ligados mais ao pai, e o núcleo ligado mais ao filho, secretário de Planejamento, Eduardo Siqueira.

E a culpa, ou a responsabilidade pela queda de Costa não pode ser atribuída a armações, como vinha dando a entender que sofria, desde o começo do governo. Rola nos bastidores que o temperamento do secretário, digamos, altivo, chocou-se com o temperamento do governador. Que não divide o poder de mando, nem costuma refluir de decisões. Parece que esta parte, o ex-secretário, amigo pessoal de Siqueira desde que assumiu sua causa no Rced lá atrás, em 2006, ainda não tinha entendido.

Depois de pacificar o clima dentro de sua pasta, e perder uma fatia de poder considerável com a divisão da Segurança novamente com a Cidadania, o secretário vinha se mantendo fora das confusões que marcaram o início de sua gestão. Há tempos não dava declarações controversas e no último mês de trabalhos da Assembléia Legislativa havia saído-se bem naquela audiência pública sobre segurança, uma verdadeira sabatina.

Troca de comando na Civil teria contrariado Costa

A gota d’água para a saída de João Costa, relatam fontes palacianas, foi mesmo a troca de comando na polícia civil com a nomeação do novo Delegado Chefe da Polícia Civil, Reginaldo de Menezes. O secretário teria questionado a decisão do governador e queria reservar para si o direito de montar sua equipe “de confiança”. Falou o que sentia, ouviu o que não quis e entregou o cargo para preservar a amizade.

A questão é que Costa não é um amigo qualquer do governador que pega a pasta e volta para casa. É suplente do senador Vicentinho Alves. Se será prestigiado com um afastamento do tipo “licença médica”, para contornar a situação só o tempo dirá. Mas ao que parece, Vicente está muito bem onde está e não pretende tirar férias.

Para assumir a vaga, o suplente terá que esperar um projeto novo, político, que alce o senador portuense à condição de pré-candidato a um dos cargos para o qual seu nome eventualmente é ventilado: a prefeito da Capital, para onde poderia transferir seu título de eleitor e onde teve excelente votação para o Senado, ou para governador, na sucessão de Siqueira, num eventual plano B.

Por hora, o secretário que chamou os presos de maravilhosos, que tentou implantar uniforme rosa fosforecente e deu outros “foras” ao longo dos últimos meses volta para casa. Para tristeza de alguns e alegria de muitos. E abre vaga para um titular da segurança mais flexível às determinações do chefe

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