O avanço das drogas na escola

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Esperei meses após o lançamento do Projeto “Viver de Cara Limpa – Uma Escolha” para escrever sobre a  dimensão do problema que a dependência química causa na vida dos jovens e de famílias inteiras, destruindo horizontes e comprometendo de maneira básica e intensa o futuro do nosso país. Não existe uma única resposta  certa para identificarmos o verdadeiro motivo de uma criança, adolescente ou jovem, abandonar sua casa, seus amigos, seus estudos, trocando tudo por uma experiência quase sempre sem volta, preocupando autoridades  do mundo todo e mobilizando a sociedade organizada, governos e milhares de pais, que acompanham seus filhos como se estivessem em uma bolha, caminhando rumo ao nada. Segundo o recente trabalho de pesquisa publicado pelo Instituto Fernand Braudel, em parceria com a Fundação  Victor Civita, o que mais chama a atenção sobre o desempenho das escolas públicas de São Paulo não é a parte  pedagógica, mas sim o cotidiano educacional, com a presença constante da violência e das drogas nos pátios, e até  mesmo dentro das salas de aula, comprometendo, com isso, não só o futuro dos alunos (Jovens), mas o futuro de  uma sociedade inteira. Ainda de acordo com o estudo, 44% dos pais dizem que a escola não oferece segurança aos alunos. O medo da violência é tamanho, que nenhum outro tema relativo à rotina escolar ganha tanto espaço  em casa quanto brigas ou o uso de drogas no recreio. Esse assunto aparece à frente daquilo que deveria estar no centro das conversas familiares: a sala de aula. 

Outro aspecto assustador são as relações familiares. Segundo o psicanalista francês Charles Melman “a família está acabando”. Para ele, se existe hoje uma clientela interessada em psicanálise, são os jovens e, segundo ele, isso se dá não porque os jovens reprimem seus desejos, mas por não saberem o que desejam. Esses estudos e afirmações vêem de encontro a uma preocupação que não pode ser só minha, mas de todos aqueles que desejam construir um mundo melhor, não só para nós, mas para as próximas gerações. Vivemos em uma sociedade sem valores, onde os princípios e a honestidade são destaques quando exercidas. É como se estivéssemos nos acostumando com tantas barbaridades de pessoas que, até pouco tempo atrás, eram jovens como os nossos e que devemos salvar do pessimismo do mundo moderno.

Hoje existem várias frentes de Políticas de Juventude para integrar os nossos jovens às diversas realidades: Bolsa  Universitária, Casa do Estudante, Jovem Profissional, Projeto Viver de Cara Limpa – Uma Escolha, Cursinho Cidadão, Primeiro Emprego e outros. Tudo isso mostra que estamos no caminho certo, mas se os jovens não entenderem que eles são os principais agentes de seu próprio futuro, e que precisam fazer, além de uma qualificação, também uma reflexão sobre valores e princípios que geram uma nova cultura, estaremos correndo o risco de termos jovens qualificados, porém sem o alicerce fundamental: os valores que norteiam e direcionam as nossas vidas.

Nas 56 Fazendas da Esperança espalhadas em 23 estados e 10 países, chegam todos os dias homens e mulheres que  acreditaram somente na formação, achando que esta proporcionaria um futuro feliz ou a garantia do sucesso  profissional e financeiro, mas esquecidos de que existe um conjunto de valores que o estudo pode até possibilitar  para alguns, mas que jamais o dinheiro poderá comprar... Tanto isso é verdade que nem o estudo de qualidade e o dinheiro de Suzane evitaram a mesma matar os seus pais, nem os “Nardones” de serem suspeitos da morte da própria filha. Acredito sim na transformação que a educação pode fazer na sociedade, mas acompanhado de valores e princípios que nos norteiam, para sermos homens e mulheres construtores do bem.

Que todos possamos fomentar um futuro de valores que tanto precisamos, que os jovens entendam que a verdadeira  revolução nasce não muito longe, mas sim unicamente de nossas mãos. Viver de Cara Limpa realmente é uma necessidade desta nova geração.

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