A Itafós, empresa de grande porte que já está em Arraias , viveu um caso interessante com o Basa – Banco da Amazônia - que tem como missão básica o fomento, utilizando recursos do FNO.
Desde o final do ano passado, a empresa tentava abrir uma conta no Basa para levantar R$ 100 milhões. A superintendência do banco no Estado não conseguiu vencer sua própria burocracia. Perdeu-se na tentativa de pesquisar e validar as ações da companhia no exterior.
O Itaú - banco comercial, diga-se de passagem – foi mais competente. Checou as ações da Itafós no mercado, utilizou-as como garantia e abriu a conta, emprestando não os R$ 100 milhões pretendidos, mas o dobro.
O caso, levado à reunião dos presidentes de federações rurais do Norte do País, que se reuniram em Palmas na sexta-feira passada, é apenas um que ilustra o que o setor já está chamando de “incompetência do Basa em cumprir suas funções”. Uma tabela exibida pela senadora Kátia Abreu durante o evento mostra a queda nos valores totais de financiamentos com recursos do FNO não só no Tocantins, como em diversos outros estados do Norte do País.
No centro das reclamações dos clientes e potenciais clientes, a política de varejo que o banco adotou: é o lucro a qualquer custo. Exemplo: se um produtor tem um projeto para analisar a possibilidade de crédito, tem que pagar 0,5% do seu valor a título de taxa para análise. Se vai renegociar uma dívida, para que sua proposta seja analisada, tem que renegociar o todo, e adquirir um produto de capitalização.
Coisas comuns no dia a dia de bancos, alguns podem dizer. Sim. De bancos voltados ao lucro, e que emprestam com o seu dinheiro. Não para um banco de fomento, que tem outra prioridade
E qual a conseqüência disto? Sobra dinheiro no Basa, falta para quem quer produzir, e os que conseguem escapar desta equação, migram pra bancos como o Bradesco, ou o BNDES.
Briga dura pela frente
Agora o principal: a mobilização que cada estado começa a fazer com os seus representantes, deflagrada pela senadora Kátia Abreu para convocar numa das comissões permanentes do Senado, a diretoria do Basa a dar explicações. O banco deve cumprir sua missão, seu objetivo. E a cobradora é ninguém menos que a senadora que preside a CNA, agora por mais três anos. Aqui, preside a Faet.
Kátia está, por assim dizer, com a faca e o queijo na mão, pois tem a possibilidade rara de mobilizar nas duas frentes que ocupa: no parlamento e dentro da categoria.
E quem quer Kátia Abreu pela frente numa briga destas? Difícil achar quem se habilita. Os números mostrados pela senadora aos parceiros são claros: 2008: 1 bi, 265 milhões emprestados; 2009 – 1 bi, 400 milhões e 2010: 895 milhões.
É inegável a queda dos investimentos dos recursos do FNO. Poderiam ser mais e mais milhões empregados em gerar produção. Se não tivessem pela frente a burocracia e agora a vocação para o varejo por parte do Basa. Uma briga que está só começando, e promete render seus capítulos mais interessantes no Congresso Nacional. (Atualizada com correções)
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