Ao chegar ao diretório regional do PMDB tocantinense ontem à noite, era possível perceber um clima diferente no ar. É que peemedebistas de todas as matizes já estão atendendo o chamamento do calendário eleitoral. Tudo que era diferença começa a caminhar para o consenso. Tudo que era mágoa, caminha para se tornar convivência pacífica.
Dos mais aguerridos militantes que gritam os nomes de seus candidatos nas ruas, até os estrategistas mais finos, era possível ver quase todos por lá. Ganhando corpo, reforçando musculatura, o PMDB abriu espaço em sua chapa proporcional para todos os grupos. Está lá o PMDB de Gaguim, forte e tenso.
Está lá também o PMDB de Marcelo, conciliador e pronto. Está o PMDB das antigas, do começo de Palmas. Está o PMDB orgulhoso de Araguaína. Estavam Eudoro e Derval. Estavam Osvaldo e os que não gostam de Osvaldo.
O velho espírito de luta
Fora da esquerda radical que voltou à legalidade na década de 80, para buscar na amenização do discurso o seu reencontro com o povo nos últimos 30 anos; e fora da direita que sobreviveu ao golpe militar e aos anos de domínio da linha dura no Brasil, o PMDB talvez seja o partido que mais tem a cara do brasileiro típico. Talvez por ter sido o PMDB das Diretas Já, o PMDB da abertura, o do fim da censura, o de tantas conquistas.
É o partido do cidadão que gosta de política, e gosta de fazer política. Do militante que discute nos bares e esquinas, na sinuca e na cadeira de barbeiro. Ninguém vai ouvir um peemedebista falando de ideologia, nem do programa de metas do partido. Mas seu discurso mediano vai trazer o que seu governo fez de bom, e o que seu adversário fez de ruim. E, invariavelmente, vai trazer a esperança de que o próximo governo, "se for do PMDB", vai ser melhor.
É uma política discutida na prática, no “vamos ver”, no dia a dia. O que contagia no PMDB, não são os gritos de guerra e a proposta de justiça social que tem, por exemplo, o PT. Nem o discurso saudosista do pioneirismo que emociona na UT. Talvez seja o espírito de time de futebol. De velhos amigos, de companheirismo. Da defesa de um jeito de viver na vida e na política realizador sim, mais conciliador, sob o manto da convivência democrática, espírito herdado de Tancredo, de Ulisses, e de tantos outros.
Naquela mesa está faltando ele
Ao perceber que o PMDB do Tocantins está deixando suas divergências para trás, e começando a engrossar uma frente de batalha eleitoral unida e coesa novamente, fui levada de volta no túnel do tempo para 30 anos atrás, quando Íris Rezende voltava ao cenário político em Goiás, na abertura do regime militar. Parece que estou vendo o mesmo bom e velho PMDB de guerra.
No diretório pintado com a fachada vermelha e cheio do zumbido próprio dos comitês de campanha, estavam quase todos que ajudaram a construir a história deste PMDB no Tocantins dos últimos. Só faltou Moisés. O bom e velho Moisés Nogueira Avelino. E faltando ele, falta um capítulo grande e importante desta história.
O PMDB pode vencer ou não estas eleições que se avizinham, por uma série de motivos e fatos escritos nos últimos meses. Mas mesmo faltando um pedaço, está se juntando e ganhando força para fazer a política que sabe: com um discurso leve e com alegria. É este o retrato que vejo do maior partido do Tocantins, há menos de uma semana de sua convenção.
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