O dia do acerto de contas

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O prefeito Raul Filho, e a vice-prefeita Edna Agnolin tomaram posse na noite desta quinta-feira, 1º, depois de um longo e difícil caminho desde o lançamento de suas candidaturas, também no Espaço Cultural, no mês de junho. De lá para cá foram seis meses em que o prefeito do terceiro lugar nas pesquisas e maior índice de rejeição fez um trajeto equivalente ao da fábula:de lagarta à borboleta. Da rejeição à vitória, Raul caminhou muito. Será que teria conseguido sem os partidos da Frente Popular? Será que teria conseguido sem Derval de Paiva, sem Eli Borges, sem Darci Coelho? e principalmente, será que esta eleição seria a mesma sem Edna Agnolin?

"Eu me sinto ungido por Deus", disse o prefeito a um público lotado por populares, correligionários que esperaram -  a maioria de pé - desde as 16 horas, para ouví-lo já por volta das 21 horas. Pode até ser. Mas Raul - e Edna -  foram ungidos antes de tudo pelo grupo político que se articulou em torno do prefeito, e compos uma chapa muito popular. Talvez esta seja a maior lição a ser retirada destas eleições de 2008 em Palmas. A política é feita por políticos. E vence quem tem mais apelo popular. Este conjunto de fatores "ungiu" Raul.

Marcelo Miranda fez outra escolha. Deixou de apoiar Raul Filho por uma série de motivos, mas o principal deles se evidenciou na noite desta quinta-feira no Espaço Cultural. Ao rejeitar o prefeito do PT e apoiar a candidata do DEM, Marcelo honrou seus companheiros. Mesmo que para isso tenha pagado o preço de perder as eleições. Ficou nítido na grande praça do Espaço Cultural, que salvo raríssimas exceções, alí não estavam os companheiros do governador.

Sentado ao centro da mesa, o chefe maior do Estado assistiu a eleição de um desafeto seu - Wanderlei Barbosa -  à presidência da Câmara. Unidos, os adversários do governador impuseram a humilhação maior ao negociar o voto de José do Lago Folha Filho, eleito pela estrutura da Aliança da Vitória. Raul já tinha os sete votos necessários para dar a vitória à Wanderlei, quando garantiu o oitavo. Foi como se além de vencer fosse preciso tripudiar, e mandar ao governo um recado curto e grosso: "esta fatia de poder é nossa".

No centro da mesa, diante de uma platéia pouco disposta a aplaudí-lo, o governador ainda teve que ouvir de Derval de Paiva a  célebre frase: "Ói nóis aqui travêis". Essa era uma provocação que o vice-prefeito fazia em palanque durante a campanha, quando queria dizer que Marcelo Miranda havia feito a escolha errada, ao optar por Nilmar, e o DEM e que ao final da campanha, Derval diria isto a ele.

Ao começar a falar, o prefeito em exercício foi interrompido por alguns militantes que bradavam a frase. Era a exigência do acerto de contas com o governador diante da praça lotada. Constrangedora, e desnecessária, a menção e a lembrança contradisseram  todos os títulos de "companheiro" que o governador ouviu durante os discursos.Contradisse também os discursos de "paz". Quem quer amenizar não pisa, nem provoca.

Antes de voltar para casa nesta quinta-feira, coube à Marcelo ainda  assistir ao  lançamento do nome de Raul à governador feito por Edna Agnolin ao final de sua fala. O dia do acerto de contas finalmente chegou para a turma de Raul. Só para lembrar a Marcelo de que alí realmente não estavam mais seus companheiros. Não os de 2006, e provavelmente também não os de 2010.

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