A bela história do programa de rádio que nasceu na 96 FM, em março do ano passado, para levar informações e análises do noticiário político do Estado chegou ao fim na noite de ontem, terça-feira, 26 de janeiro. Sem final feliz. O programa “Na Ponta da Língua”, foi retirado do ar abruptamente, quebrando um contrato que tinha prazo de validade até março, quando o programa completaria um ano.
Nos 10 anos da 96 FM, que é uma rádio pública do mesmo grupo da Rede Sat, e subordinada à Unitins, muito já se viu a cada mudança de direção. Grandes nomes do jornalismo passaram por lá, dando à emissora na TV e na rádio, o perfil que ela deve ter: de serviço e informação de caráter educativo. Infelizmente, não é o que se vê agora.
Vitrine dos políticos
A primeira tentativa de retirada do programa do horário nobre que ele ocupava - entre as seis da tarde e sete da noite - aconteceu logo após a posse do novo superintendente, publicitário Luiz Celso, indicação da deputada federal Nilmar Ruiz, que deixou o DEM para aderir ao PR e à base de governo.
Para devolver o horário ao radialista e comunicador Beto Palaci, que se filiou ao PR também para ser candidato a deputado estadual este ano, Luiz Celso havia me proposto alterar o horário na grade para as 13hs. Achei inadequado, principalmente para acomodar os entrevistados, e disse isso a ele.
Um programa que recebia do prefeito ao governador, do mais simples vereador, ao presidente da Assembléia merecia permanecer em horário nobre. Ademais, a rádio não tem perfil comercial, tem função social a cumprir. Sempre achei que ela atenderia melhor se fosse a vitrine de todos, e não de um só.
“Polêmica” demais
Para mim, a explicação da retirada do ar da maneira como ocorreu, não convenceu. Em nossa curta e tensa conversa após o programa, o superintendente me disse que recebeu “ordens superiores”, e que já havia me advertido sobre a linha do programa “um pouco mais incisiva”, e “polêmica” demais. Sinceramente, não vejo onde, nem em quê.
Desde o começo me recusei a fazer um programa “chapa branca”, por que jornalismo não é isso. Mas tenho a certeza de que fiz um programa educado, ético, equilibrado e responsável, que não merecia este tratamento.
Agradecimentos
Avisada antecipadamente de que haveria uma conversa no sentido de retirar o programa do ar, me despedi no último bloco dos meus ouvintes. Para os que ontem eventualmente não estavam ligados no programa neste horário, uso este espaço para me despedir aqui.
À minha equipe e colaboradores dos quais levarei as melhores lembranças desse rico período, minha gratidão: Edlusa Portela, produtora e amiga de todas as horas. Rapha Mix, meu primeiro sonoplasta. João Ricardo, Tomáz, Maria Heloísa. Kate e Marleninha. Helton, que ajudou na produção.
Aos primeiros “pais” do programa: Vieira de Melo e Aluísio Cavalcante. Ao grande Wagner Quintanilha que ajudou muito a acertar a fórmula e na criação das vinhetas, MUITO OBRIGADO.
Ao meu amigo Mateus Júnior, secretário de Comunicação, vida longa no cargo! Como profissional da área, tenho certeza de que fez o que pode para manter o “Na Ponta da Língua” no ar. E sei que não veio dele tamanha hipocrisia.
Mas especialmente aos MILHARES de ouvintes da 96 FM, espalhados nos rincões da serra, de Taquaruçu à região das Arnos, e nas 42 cidades onde o sinal da rádio chega firme e forte: valeu a companhia, a audiência e o carinho.
Tudo passa. Mandatos federais passam. Cargos passam. Os bons profissionais ficam. Em abril, com muita alegria, completo 19 anos sobrevivendo à todas as mudanças de humor que já ocorreram na política tocantinense nos últimos tempos. Profisisonalmente, sobreviverei à mais esta.
Profetizando: a gente ainda vai se encontrar nas ondas do rádio. Nestas, ou em outras.
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