O fascínio eterno pela mitologia em tempos modernos

Mitologias continuam vivas no imaginário contemporâneo e revelam como símbolos ancestrais seguem moldando identidades, narrativas e políticas culturais no século XXI

Quando deuses antigos ganham nova voz

Em pleno século XXI, em meio à tecnologia, aos dados e à hiperconexão, é curioso — e revelador — perceber o quanto ainda somos atraídos por histórias de deuses, heróis, oráculos e forças misteriosas que regem o mundo. A mitologia, longe de estar confinada a livros escolares ou templos em ruínas, continua viva — reinventada em filmes, séries, músicas, memes e até em discursos políticos. Ela persiste porque fala diretamente à nossa necessidade de sentido, de narrativa, de origem e destino.

 

Essa presença se manifesta de formas diversas. Em momentos de crise, por exemplo, voltamos a recorrer a arquétipos mitológicos para explicar o caos ou buscar orientação. A figura do “herói redentor”, da “queda do tirano”, da “ira divina” ou da “esperança que renasce” é atualizada e reinterpretada nos mais variados contextos. Esses símbolos ultrapassam religiões e geografias: estão presentes tanto nas culturas indígenas quanto nas tradições gregas, africanas, orientais ou populares do Brasil profundo.

 

Mitologia como linguagem simbólica do poder

A mitologia não é apenas entretenimento antigo: ela é também uma linguagem política. Governantes, lideranças e instituições recorrem com frequência ao repertório mítico para construir legitimidade ou despertar emoção coletiva. Ao longo da história, imperadores já se apresentaram como enviados dos deuses, e até hoje certas figuras públicas são descritas como “ungidas”, “salvadoras” ou “amaldiçoadas”.

 

No campo da publicidade e da cultura pop, essa mesma estratégia simbólica é evidente. Grandes marcas associam seus produtos a deuses ou forças sobrenaturais. Filmes como “Thor” ou “Percy Jackson” transformaram panteões antigos em ícones juvenis, e jogos digitais atualizam essas imagens com novas estéticas e funções. Um exemplo interessante é o jogo Gates of Olympus, disponível na plataforma https://www.vbet.bet.br/pb/casino/game-view/5000003/gates-of-olympus, que utiliza visualmente o Olimpo grego como cenário para criar uma experiência visual grandiosa, combinando o fascínio por Zeus e seus poderes com uma atmosfera que mistura misticismo e modernidade. Essa fusão de passado mítico e tecnologia atual revela o apelo contínuo dessas narrativas.

 

A função cultural da mitologia nos dias atuais

Em tempos de instabilidade social, desigualdade e colapso ambiental, a mitologia oferece mais do que consolo: ela propõe estrutura simbólica. O mito organiza o caos, dá forma ao que não entendemos, oferece imagens para emoções que não conseguimos nomear. E, ao fazer isso, conecta o individual ao coletivo.

 

Não é à toa que tantos movimentos culturais contemporâneos recorrem a símbolos mitológicos. O resgate de tradições afro-brasileiras, por exemplo, tem mobilizado o culto aos orixás não apenas como religiosidade, mas como afirmação de identidade, resistência e estética própria. Ao mesmo tempo, movimentos neopagãos e de reconexão com a natureza também revalorizam mitologias nórdicas e celtas, criando rituais comunitários em espaços urbanos.

 

Mito, memória e identidade brasileira

No Brasil, a mitologia popular é um território fértil e ainda subexplorado. Histórias como a do boto cor-de-rosa, da Iara, do Curupira e do Saci não são apenas lendas folclóricas: são expressões culturais profundas, com raízes em tradições indígenas, africanas e europeias. Infelizmente, essas narrativas foram muitas vezes rebaixadas à condição de “crendice”, quando, na verdade, poderiam — e deveriam — ser entendidas como mitos estruturantes da nossa identidade coletiva.

 

Há um esforço crescente para resgatar esses símbolos com mais seriedade e respeito. Projetos educativos, produções audiovisuais e manifestações culturais vêm revalorizando a mitologia brasileira como ferramenta de autoconhecimento, pertencimento e justiça simbólica. Afinal, uma nação que despreza seus mitos tende a viver de mitos importados — e, muitas vezes, mal interpretados.

 

A força da mitologia no mundo contemporâneo não está em seu poder literal, mas em sua capacidade de traduzir o humano em linguagem sensível, rica e compartilhável. Ao revisitarmos os deuses antigos, não buscamos respostas fixas, mas novas formas de perguntar. E, talvez, seja justamente isso que nos mantém conectados — não ao passado, mas à imaginação necessária para reinventar o presente.

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