O mundo das histórias infantis

Numa avaliação sobre os programas infantis da atualidade, Yanna Barbosa compara os filmes de monstros e as mágicas estórias infantis e contos de fábula de antigamente. Confira!...

Outro dia, numa roda de amigos, falávamos da violência dos programas infantis atuais. Comentávamos que todos os desenhos animados destacam a tragédia. Monstros cada vez mais horripilantes prendem as crianças horas a fio em frente de uma TV. Os filmes também não ficam atrás. Quando não apelam para a violência optam pelo drama, como a Era do Gelo e O irmão Urso. Difícil, no entanto, é imaginar uma história interessante sem violência ou drama.

Começamos a comparar os desenhos e filmes de hoje com as histórias infantis de antigamente, na esperança de constatar o aumento da violência transmitida em forma de divertimento.

Qual não foi minha surpresa...os filmes, desenhos e histórias infantis de hoje perdem longe para os dramas de antigamente.

Analisemos:

Vamos lembrar da Branca de Neve e os sete anões. Iniciamos com a morte da mãe da Branca de Neve; na seqüência o casamento do pai com uma megera que de tão ruim consegue se transformar em bruxa; logo após temos a encomenda da morte da moça, o remorso do caçador e a conseqüente morte de um veado de onde foi retirado seu coração (nem um pouco ecológico). Continuando...a fuga da branca de neve por uma floresta escura e cheia de bichos, o encontro dela com uma família onde todos os membros além de órfãos possuíam uma deformidade congênita; seu envenenamento por uma maçã...e somente nas últimas linhas o aparecimento de um príncipe que a salva da morte...precisa de mais desgraça?

Ainda nos irmãos Grimm...

A Bela Adormecida no Bosque...a menina morre aos 15 anos, todos dormem por 100 anos, o príncipe luta com um dragão...

A bela e a Fera, o pai esquece o presente da filha e é condenado a ficar preso eternamente num castelo, com uma fera. A boa filha, resignada, se oferece e casa-se com um monstro...

Cinderela ...essa então, a coitada é chamada pejorativamente de Gata Borralheira, trabalha em regime de escravidão misturada a ratos e outros animais, é maltratada pelas filhas da madrasta, tem que voltar de um baile à meia-noite (é o mais triste) e ainda perde um sapato de cristal...

Mas nada se compara à Menina da Caixa de Fósforos, a história retrata uma menina num inverno na noite de natal...ela com apenas dois palitos de fósforo morre congelada olhando a ceia na casa de uma família...Meu Deus!!!

A realidade é que somos atraídos pelo sofrimento desde a infância...o drama é fascinante. Nada mais sem graça do que o sucesso puro e simples, do que a felicidade fácil.

Imaginem uma história onde uma criança acorda feliz da vida, toma um belíssimo café da manhã, vai para uma escola maravilhosa, brinca com as colegas, volta para casa, almoça uma comida apetitosa e dorme feliz sonhando com os anjos...Digam, quem vai assistir isso? A emoção, infelizmente está na tristeza. Até quando a alegria é muita, choramos...é gostoso chorar pra depois se reconfortar, é gostoso sofrer prá depois ser feliz. E é isso que tanto as crianças de antigamente como as de hoje esperam...que os filmes, assim como a vida real, sejam dramáticos, violentos, mas que ambos tenham um final feliz!!

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