Taí, desde ontem, com todas as letras, por força da nota distribuída pelo secretário de Segurança Pública, Justiça e Cidadania, a confirmação de parte daquele enredo que descrevi aqui no sábado, ao falar do “modus operandi” da quadrilha que fraudava contas inativas para se apropriar do dinheiro de pessoas mortas, cujos herdeiros ainda não haviam se dado conta da existência destes recursos.
O descontrole emocional e verbal do deputado Stálin Bucar semana passada na Assembléia Legislativa - que facilmente pode ser creditado aos efeitos da súbita exposição de um membro da família, envolvido na apuração de um crime – teve resposta firme sem deixar de ser humana por parte do secretário João Costa. Este, logo de início, num momento inspirado vaticinou: “Os pais precisam orientar melhor seus filhos, conhecê-los bem, eu diria, sob pena de os verem presos e processados, e de terem que defendê-los nas ruas e nas praças, ainda que sem qualquer razão”.
Quanta sabedoria nestas palavras. E quantos pais não passaram ou estão passando neste momento por dias de agonia, tal qual os que vive o deputado Stálin, sem saber direito o que fazer para defender seus filhos de acusações que ferem a alma. A diferença é que nem todos têm à sua disposição a tribuna da Assembléia Legislativa, para desfiar argumentos, acusações, xingamentos e lágrimas.
Ameaça de vingança na tribuna da Assembléia
Quem assistiu à sessão, viu TV, leu jornal, ou acessou sites de notícias na semana que passou, pode perceber claramente nas palavras do deputado no momento do choque, até a ameça de vingar-se, caso seu filho sofresse conseqüências fatais em virtude de estar envolvido numa investigação que envolve ações de fraude e assassinato oriundas de uma mesma quadrilha. Um exagero, considerando a origem humilde da família de Vanthieu Ribeiro. E olha que ninguém acusou Stálin Beze, ou Stálin Jr. de ter envolvimento no assassinato.
Mas João Costa tem razão no cerne do que move a nota ponderada e bem redigida que fez divulgar: o problema é o crime senhores, não o delegado. O problema é que houveram desvios, e o filho do deputado – afirma o secretário - “o advogado Stalin Beze Bucar sacou, indevidamente, a importância de R$ 334.895,07”, de uma conta inativa. E mais: com procuração falsa. E pior: não se encontra sua suposta cliente, suposta herdeira da titular da conta saqueada com ordem judicial.
Eita nós. E com tudo isto, o deputado volta à tribuna nesta quinta-feira, 09, não para dizer que o filho não sacou o dinheiro. Nem que os vistosos bens recém adquiridos(avião, lancha, camioneta) têm outra origem de recursos. Mas para reclamar de matéria jornalística que vai neste portal de notícias informando que o mandado de segurança impetrado contra as nomeações dos delegados Carrasco e Celina, por outros candidatos, teve liminar negada.
À Justiça, caberá a última palavra sobre os fatos
Repetindo João Costa, não adianta espernear contra os fatos. Não adianta xingar. Nem ameaçar. Mas o estilo do deputado Stálin Bucar é assim mesmo, de altos e baixos. E nem acredito que ele assim o faça por mau. De muito amigo, vai a muito inimigo, dependendo da ocasião, do clima, do momento. Foi assim com João Ribeiro, quando temia ficar sem legenda por manter apoio à Carlos Gaguim, contrariando a decisão majoritária do partido. Seu bate boca com a deputada Luana terminou com o registro de ocorrência por ela na Polícia Federal por suposta ameaça feita pelo deputado.
É só por ter esta compreensão sobre ele que todos, ou quase todos – mais ou menos provocados vez ou outra na tribuna da Assembléia – seguem ignorando seus comentários. Em outro contexto, com certeza teriam resposta diferente.Se tivesse uma boa assessoria de comunicação e marketing - e a ouvisse - o deputado seria orientado a falar menos e ajudar o filho de outra forma, como por exemplo, ajudando a organizar sua defesa.
É que seja lá quem for o delegado à frente deste processo, os fatos não mudam, os saques já foram feitos, o dinheiro já foi usado e tudo isso aí vai parar na mão de um juiz. Ele é quem vai sentenciar, no final, com base na lei, nas evidências e nas provas (e não nas ligações políticas) qual foi o crime que cada um praticou.
Por colocar todos estes pingos nos “is”, explicitando ainda o currículo que credencia o Delegado Adriano Carrasco – além do entendimento do STJ sobre caso semelhante – a ter sido nomeado após passar em concurso público para o cargo de delegado de polícia civil, João Costa foi muito feliz. Usou os dons que o credenciam como um bom profissional do direito, para esclarecer uma questão delicada. Ponto pra ele.
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