As mudanças nas empresas começaram quando o a sociedade Americana vivia o final da Guerra Civil. O contexto ideológico dessa luta, fez com que o pós-guerra fosse um momento de busca frenética do enriquecimento. Os empreendedores estadunidenses exploravam todas as fontes de riquezas, controlavam governos e colocavam-se acima das leis. O cenário de vandalismo social motivou históricas reações cívicas por parte dos trabalhadores da indústria, que passaram a exigir das mesmas uma nova postura.
Foi diante dessa situação que um pioneiro da comunicação, Ive Lee, introduziu na indústria americana os primeiros conceitos de relações públicas. Ele propôs que as empresas realizassem ações em benefício da sociedade para conter o avanço da resistência operária e mudar a forma como a indústria americana era vista pelo povo. O conjunto de ações realizadas desencadeou um processo onde uma nova fase foi inaugurada na gestão das indústrias, estas se viram obrigadas a assumir uma nova postura diante da sociedade para resistir às pressões.
Essas práticas sofreram inúmeras alterações conceituais ao longo do século, os diversos contextos que a sociedade viveu nesse período alteraram a metodologia das ações, no entanto o fundamento da ética social nas instituições, desde então, nunca retrocedeu. Atualmente essas ações são conhecidas como responsabilidade social e ocupa lugar de destaque nas estratégias de desenvolvimento das grandes empresas. No Brasil os principais segmentos aos quais as empresas propõem contribuição são meio ambiente, educação e inclusão social, pois neles estão englobados os principais problemas enfrentados pela sociedade nacional.
Um dos melhores exemplos de políticas institucionais no campo do meio ambiente vem da Natura. A empresa extrai boa parte da matéria prima de seus produtos da flora amazônica. Mesmo explorando a floresta mais visada pelas sociedades de defesa ambientais nacionais e internacionais, a Natura consegue ser uma das empresas brasileiras que obtêm o maior respeito e credibilidade do publico consumidor. Tudo isso devido às inúmeras ações de preservação ambiental empreendidas por ela.
No âmbito da educação, vemos os bancos privados, que são hoje um dos principais contribuintes de instituições educacionais e culturais do país. Organizações como a Fundação Bradesco, Instituto Cultural Banco do Brasil ou Fundação Itaú Cultural tem contribuindo de forma ímpar com a elevação no nível educacional do Brasil.
As políticas voltadas para os portadores de necessidade especiais é um caso que abrange as instituições públicas e privadas. Atualmente, uma empresa que não possui uma porcentagem significativa de deficientes físicos em seu quadro de funcionários e ambiente adaptação para locomoção eficaz dos mesmos está fadada não apenas a críticas, mas também a penalizações por descumprimento da lei.
Ainda que todas essas ações sejam utilizadas como estratégias de marketing e publicidade, temos que nos atentar para o fato de que independente dos objetivos finais, a sociedade é diretamente beneficiada.
Já que entendemos que essa realidade só foi possível pela mobilização de indivíduos, podemos refletir sobre o poder disponível a sociedade para transformar culturas. A classe operária fez pressões que conseguiram mudar a postura ética das maiores indústrias americanas e ainda desencadeou um processo que nos trouxe a realidade atual, onde a instituição que não tiver compromisso com a sociedade está fadada a perder o espaço no mercado.
O exemplo deve ser um fator de motivação para aqueles que desacreditam na impossibilidade de solução do total descrédito da população brasileira em relação as lideranças políticas do Brasil. Para quem contestar a semelhança existente entre empresas e políticos, basta lembrar que ambos tem como necessidade básica para permanência na ativa, a aprovação da sociedade.
Assim como foi e está sendo com as empresas, a partir do momento que a sociedade descartar os políticos que não tem um bom produto a oferecer, que exploram recursos públicos inconseqüentemente e ainda “se lixam pra a opinião pública” será natural que os demais busquem um caminho inverso. Ainda que a mudança de postura seja apenas uma estratégia de marketing para reeleições, o importante é que quem sabe não começaremos a ver políticos disponibilizar os gastos de seus gabinetes em sites ou realizar processos seletivos abertos para contratação de funcionários parlamentares.
Utópico? Irreal? Longínquo? Não. É fato mesmo, pois quando Ive Lee propôs as grandes empresas, criar fundações unicamente pra agradar a sociedade pareceu uma idéia de frutos duvidosos, no entanto hoje a sociedade irremediavelmente é quem se beneficia das políticas de responsabilidade social das grandes empresas. Uma conquista adquirida a partir de uma mudança de cultura exigida por ela mesma. Se nós aprendemos a exigir respeito das empresas que usam os recursos do planeta para nos atender com bens e serviços, está passando da hora de começarmos a exigir respeito daqueles que estão gerindo os recursos de cada um de nós.
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