Desde a semana passada tenho ouvido todo tipo de comentário e informações desencontradas a respeito do programa Survivor - que está em produção no Jalapão. Desde a manifestação do deputado Marcelo Lélis, do PV, na Assembléia com requerimento que pedia informações derrubado pela bancada do governo que o assunto tomou outra proporção: a de uma lenda urbana. Aquilo que ninguém viu, ninguém documentou ( e se o fez não mostrou) mas que "ouviu dizer". E quem conta um conto aumenta um ponto.
Para saber o que há de errado com a produção em andamento no Jalapão para despertar tanta controvérsia tenho ouvido várias fontes desde a semana passada. Uma amiga que conhece alguém que está fazendo tradução, alguém que ouviu reclamações dentro da Assembléia, outra fonte que estava na entrada do set no dia que o governador visitou a área.E aí começam a cair as afirmações feitas na base do diz que me disse.
Lógico, falei com Marcelo Lélis, li o artigo da Fernanda Bruni (http://fernandabruni.blogspot.com/) e acompanhei sua repercussão na reportagem publicada na Folha Online. Aliás, uma matéria que fala de moradores sem ouvir um morador, e cuja fonte é assessor do deputado. No texto a sub-secretária de Comunicação do Estado, Suzana Barros, com quem também conversei ontem explica a posição do governo (confira a nota oficial divulgada pela Secom).
Então vamos ao que descobri. Primeiro, o Estado não vendeu o Jalapão! Parece risível, mas tem que ser dito. Na verdade o Jalapão já tem vários donos: os proprietários de áreas rurais onde estão os atrativos turísticos. Donos de terra que recebem dos operadores de turismo para dar acesso ao fervedouro por exemplo que segundo fiquei sabendo, não está em utilização pela equipe de produção, por que não houve acordo no preço.
Segunda informação: o governo não está pagando nada pelo Survivor. Diferente do que aconteceu em produções nacionais filmadas em áreas de reserva no Tocantins, em que era preciso bancar custos de produção para projetar o estado em nível nacional. Quem não se lembra de "No Coração dos Deuses" e "Deus é Brasileiro"?
Terceiro: a produtora tem todas as licenças necessárias obtidas junto ao Ancine, Ibama e Naturatins. O licenciamento que prevê o uso de equipamentos em áreas de preservação, e as compensações ambientais por isso - segundo eu soube - foi pedido e fornecido ao Ministério Público. Então o que há de errado no Jalapão?
Me arrisco a dizer que é o segredo.
Necessário para preservar a produção - afinal é um reality show vendido no mundo inteiro - o sigilo acabou criando uma aura de mistério. A onda de fofocas também cresce alimentada pelas operadoras que tiveram que parar de explorar destinos turísticos nas áreas interditadas, pois estão alugadas enquanto durarem as filmagens.
O resto é bobagem. Espaço aéreo fechado, governador impedido de entrar, contrato de milhões. Pura lenda urbana. Não duvido de que tenha muita gente lucrando com a produção que será veiculada na CBS ano que vem, nem que Mateiros herdará daqui a nove meses uma leva de bebezinhos loiros,filhos das festas patrocinadas pela produção.
É certo que ficarão mais do que lembranças desta produção na região do Jalapão, mas é óbvio também que a cadeia do lucro é grande, e não só para alguns. Afinal, segundo uma fonte segura, só na abertura da conta bancária numa agência local a produtora depositou R$ 15 milhões.
Para mim fica a impressão de que toda a confusão em torno do assunto, provocando informações desencontradas e questionamentos ora justos, ora delirantes se resume a um problema básico: falha de comunicação. Um erro que me parece mais da empresa, mas que acabou respingando na imagem do governo do estado.
Roberta Tum
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