O Tocantins investiu muito em infra-estrutura nos últimos anos. Foram pontes, estradas e usinas para gerar energia. O advento da Ferrovia Norte-Sul, que muitos ainda consideravam “uma lenda” até bem pouco tempo, está se concretizando a olhos vistos. Neste sábado, os governadores do Tocantins e de Goiás, e o presidente da Valec inauguram, cercado por diversas autoridades, mas 110 km de trecho desta obra, ligando Gurupi à Alvorada.
Os trilhos do progresso vão passar bem próximos de Palmas, dentro da área de Porto Nacional. A eclusa de Lageado, que pode facilitar a navegação pelo Tocantins é outro sonho que se aproxima do dia de sair do papel. Segundo o prefeito Raul Filho (PT) me disse em entrevista antes da viagem ao Mississipi, o compromisso do governo Lula é liberar recursos para ela já no próximo ano.
Produção incipiente
Exceção feita à soja, que bateu recordes recentes de produção, com direito à destaque na Folha de S. Paulo, me preocupa o que o Tocantins terá para abastecer os vagões da Norte e Sul quando ela começar a circular. De vocação mais pecuária que agrícola, sem tradição em agregar valor ao boi, do qual tem aproveitado basicamente a carne, o Tocantins não exibe produção agrícola considerável.
Talvez por que a estratégia tenha sido priorizar a infra estrutura. É diferente, por exemplo, do Sudeste baiano, bem ali, em Luiz Eduardo Magalhães, antigo Mimoso. Lá onde estive há quatro anos redigindo matéria especial para o jornal Alô Galera, a prefeitura investiu em incentivos fiscais e disponibilização de áreas a baixíssimo custo.
A conseqüência foi a chegada de indústrias de grande porte, esmagadoras de soja, e quatro safras ao ano, nas planícies baianas. Neste quesito o Tocantins ainda tem muito que avançar. E aí, tenho que dar razão ao deputado César Hallum, quando este afirma que as boas estradas tocantinenses têm um bom fluxo de carros de passeio, mas falta as carretas carregadas da nossa produção.
Os projetos hidro agrícolas
Grande investimento em disponibilização de água durante o ano inteiro tem sido feito também pelo governo do Estado, em parceria com a União nos últimos anos. Os projetos Sampaio (no Bico), Manuel Alves(no Sudeste), e São João (no centro) podem ser a resposta positiva à produção não só de frutas, mas de grãos e leguminosas no Tocantins.
As primeiras safras do Manuel Alves já começam a circular nas estradas brasileiras. O São João deve ser inaugurado no começo do mês e entrar em produção, com colheita prevista para o próximo ano, nas culturas mais rápidas.
Mas paralelo aos trilhos da ferrovia, é preciso que a economia tocantinense no campo cresça e se fortaleça. Afinal, ninguém quer que o Tocantins seja apenas um entreposto, onde produtos outros farão passagem, sem lucro nem renda para o tocantinense.
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