OAB vive campanha tensa e excessivamente politizada

A campanha pela presidência da OAB decidirá no próximo 18 de novembro quem vai ficar à frente da entidade, forte e conceituada, pelos próximos três anos. A disputa começou com três candidatos, e vai terminar com dois: Ercílio Bezerra, atual president...

Nos últimos dez dias a disputa pela OAB ganhou lances de campanha política majoritária. De um lado, o atual presidente, Dr. Ercílio Bezerra, candidato a reeleição. De outro o Dr. Júlio Solimar, apoiado pelo ex-presidente da Ordem, Luciano Ayres, e pelo ex-candidato a presidente, Gedeon Pitaluga.

Bezerra começou a eleição como favorito, mas enfrentou problemas com o lançamento de duas chapas contra seu nome, cada uma com um perfil diferenciado. As duas se uniram, fazendo uma campanha com o espírito “todos contra Ercílio”. Na falta de horário gratuito na TV, os adversários do atual presidente montaram um esquete teatral, tendo como personagem principal um tal “Dr. Empecilho”.

Ciente da vantagem, o atual presidente deixou para esquentar a campanha faltando 40 dias para o seu final. Abriu comitê em grande estilo, montou um bar que funciona às sextas-feiras mantendo a troupe reunida. E assessorado pela agência de propaganda Dimensão, com um time de jornalistas e assessores de primeira, deu um golpe de quase morte nos adversários: contratou o instituto Serpes para uma pesquisa que referendou, para a opinião pública, sua vantagem.

O contra ataque

Também com uma assessoria de auto nível, feita pela Public, agência de propaganda com currículo extenso de atuação em campanhas eleitorais e marketing político, Júlio Solimar reagiu. Contratou o instituto Skala, prata da casa, com mais de 10 anos de funcionamento no Tocantins, mais conhecido na região Sul, onde pesquisou as últimas disputas eleitorais de Gurupi. Apareceu em empate técnico com Ercílio, e se manteve vivo na disputa.

Explico: a diferença apontada pelo Serpes entre os dois era muito grande, e apesar do imenso percentual de indecisos mostrar que a disputa não estava decidida, era um golpe ânimo da militância de Solimar.

O bate boca na OAB

Na última semana, no entanto, é que a panela de pressão esquentou de vez. Um bate-boca assistido pelos funcionários da OAB registrou a insatisfação da turma de Solimar contra a condução dada por Ercílio num fator decisivo para as eleições: a atualização da lista de quem vai votar.

Os advogados que estão inadimplentes com a Ordem têm a possibilidade de se regularizar e votar, pasmem, “até o dia das eleições”. Isso tem provocado um desencontro de informações no sistema. Inconformada, a chapa de Solimar, foi atrás da lista, e da atualização. Segundo alega Gedeon Pitaluga, alguns pagaram e não conseguem a certidão negativa. Outros a possuem, mas seus nomes não constam no sistema como regularizados.

Foi outro momento de tensão. Isto, além da ação protocolizada na justiça pela ATA - Associação Tocantinense de Advogados, presidida por Pitaluga, contra um suposto uso da máquina por Ercílio Bezerra.

As notas na imprensa

No final de semana, chegaram as notas. A primeira, enviada pela agência que assessora Ercílio, com nomes de filiados à ATA como autores de um protesto contra as ações de Pitaluga. A segunda do próprio Gedeon, que entrou em contato com o Site Roberta Tum fornecendo pelo menos cinco nomes usados na nota, que não teriam conhecimento dela, ou não teriam autorizado o uso de suas assinaturas.

Como no boxe, a campanha da OAB entra numa fase perigosa. Lá, no esporte mais agressivo que eu conheço, não são permitidos golpes abaixo da cintura. Aqui, no vale tudo em que esta campanha está se transformando vale os olhos abertos e atentos dos advogados, que são os diretamente interessados, e têm direito ao voto.

Em meio a tantos recursos de marketing e excesso de paixão, é sempre bom lembrar que a sociedade inteira está assistindo de camarote a esta disputa. E às vezes dá o que pensar o excesso de politização que se percebe nela.

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