Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos municípios de Palmas, Miracema e Aparecida do Rio Negro na manhã desta quarta-feira, 1. A Operação Inconfidente deflagrada pela Polícia Civil que envolveu um total de 46 policiais civis da DEIC - Delegacia Estadual de Investigações Criminais Complexas e do Gote, localizou extratos bancários, diversos documentos, armas e computadores que comprovam a ação da quadrilha.
Durante entrevista coletiva o delegado titular do DEIC, Evaldo de Oliveira Gomes afirmou que a operação teve como objetivo cumprir sete mandados de busca e apreensão, decretados pelo poder judiciário, envolvendo a morte do oficial de justiça Vanthieu Ribeiro da Silva encontrado morto as margens do Lago no último mês de março.
“Os mandados objetivaram a localização de mídia, computadores, documentos, a respeito da atividade criminosa que na comarca de Miracema que envolvia o desvio de verba de pessoas falecidas e o saque de valores através de decisões judiciais fraudulentas”.
Durante coletiva o delegado afirmou que a não decretação das prisões preventivas dos envolvidos teria dificultado o trabalho da polícia.
“Não nos cabe discutir a decisão judicial, só que nós representamos também por prisões para que todos os membros da quadrilha fossem presos. Nós recebemos apenas os mandados de busca e apreensão que foram todos cumpridos a contento. Um vasto material foi localizado dentre eles extratos bancários demonstrando movimentação financeira, prendemos também vários documentos e computadores que deixam claro a atividade ilícita da quadrilha.
Atuação da quadrilha
A quadrilha, de acordo com o delgado, localiza as contas bancárias de pessoas já falecidas através de informações privilegiadas, o que era feito por serventuários da Justiça, que repassava as informações para advogados que peticionavam e realizavam os saques através de alvarás judiciais, autorizados pela juíza de direito com parecer do Ministério Público e depois o oficial de justiça pegava os valores e repassava para os demais membros da quadrilha.
“Vale destacar que a quadrilha tinha como objetivo sacar altos valores através de contas bancárias inativas. E só foi possível através do envolvimento do Judiciário, Ministério Público e serventuários da justiça. Não há como sacar valores altos como R$ 300 ou 400 mil sem que todo esse envolvimento ”.
Envolvimento de Vanthieu
De acordo com a Polícia o oficial de justiça Vanthieu que integrava a quadrilha era responsável pelos saques e pelo cumprimento dos mandados e depois repassava os valores para os demais membros da quadrilha.
“Segundo o inquérito produzido pelo Dr. Carrasco, ele demonstrou que oficial de justiça chegou a responder processo administrativo em razão de ter uma dessas movimentações financeiras detectadas e comunicadas a corregedoria do Tribunal de Justiça que tomou providências contra ele e contra a juíza de direito da comarca”.
Ele teria sido morto por queima de arquivo após ter concordado em revelar o esquema da quadrilha. Ainda segundo o delegado, “quando foi deflagrada da Operação Maet, o oficial de justiça teria concordado em falar a verdade a partir disso teria sido mal visto pela quadrilha que teriam determinado a execução do mesmo”, destacou.
Envolvimento de Stalin Beze Bucar
Com relação ao envolvimento do ex- presidente do Naturatins, advogado Stalin Beze Bucar - filho do deputado Stálin Bucar (PR) - segundo o delegado tinha como papel intermediar as transações e também fazer o lobby entre os advogados, Ministério Público e Judiciário.
“São pessoas de bastante influência em Miranorte, onde detinha conhecimento tanto no poder Judiciário como também com os particulares envolvidos. Ele era responsável também pela lavagem do dinheiro”, afirmou.
Próximos passos
Segundo a Polícia todo o material apreendido será encaminhado para perícia para confrontar as informações. “Estamos com as representações dos autos para que seja encaminhado para o Ministério Público, através do GAECO para o Conselho Nacional do Ministério Público e para o Conselho Nacional de Justiça através do Tribunal de Justiça do Estado”, afirmou o delegado-geral de Policia Civil, João Luis Pompeu de Pina.
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