Os bastidores das provocações do DEM ao PSD na véspera do 6 a 1: esvaziamento vem agora

Em nada na vida se deve cantar vitória antes da hora. Ainda mais em se dependendo de decisão de juiz. Ou no caso, de ministro do TSE. Às vésperas da votação que deu o registro ao PSD ontem, as provocações do DEM aos líderes do PSD no cenário nacional...

A aprovação do registro do PSD ontem no TSE terá conseqüência e das grandes nos cenários local e nacional nas relações entre o Democratas – principal opositor – e o recém criado partido.

As declarações da senadora Kátia Abreu, comedidas até certo ponto diante do embate ocorrido nos bastidores nos últimos dias, fazem o resumo da ópera: o PSD nasce mesmo como a bola da vez. Resguardadas as devidas proporções, exerce hoje o fascínio da oportunidade que o PR exerceu na transição de governo entre Marcelo Miranda e Carlos Gaguim. À época, o senador João Ribeiro foi a garantia para que os deputados migrassem do próprio DEM para o PR. E no final das contas ninguém perdeu o mandato.

O risco naquela época era grande. O risco hoje é zero para quem tem mandato e quer abandonar o barco onde esteja - cada um por questões próprias – e migrar para o PSD.

Vitória de Pirro: DEM tripudiou antes da hora

E o Democratas? Bem, o Democratas tripudiou além da conta. A ponto de, depois da coletiva de segunda-feira - em que a deputada Professora Dorinha e o deputado estadual Osires Damaso explicitaram suas justas reclamações a cerca de espaço no govern e ameaçaram cassar os dissidentes -  ameaças de bastidores terem sido feitas por outros membros do Democratas.

Um deles teria mandado recado: “O registro do PSD não vai passar, e aí quem passou vai ter que voltar e comer na nossa mão. Aí vamos escolher quem volta e quem não volta”. Que excesso de confiança. No dia, a bravata rendeu um comentário do vice-governador João Oliveira, que na sua simplicidade e franqueza disse a companheiros próximos: “gente, que humilhação esse pessoal quer impor a nós”. Olha aí, em menos de 48horas o disco virando.

Excesso, mas excesso mesmo, com todas as letras, cometeu o senador Demóstenes Torres, do nosso vizinho estado de Goiás. Disse que os ministros do TSE estariam dançando “na boquinha da garrafa”, numa expressão xula e depreciativa.

Agora, um dia depois do registro do PSD, começa um movimento maior de migração. O Democratas pode até ir ao STF, mas o próprio presidente Agripino Maia sinalizou ontem no Blog do Josias na Folha, que por ele, o assunto está encerrado. Não há clima para que o STF, depois da decisão de 6 a 1 do TSE a reforme.

O DEM, explicou-me ontem César Hallum, que já era minoria, perdeu as condições inclusive de obstruir votações. Para tanto são necessários 30 deputados. Até ontem haviam sobrado 29 no partido. Pode ser que nos próximos dias este número seja reduzido ainda mais.

O fato é que para não se confirmarem as previsões mais pessimistas em torno do esvaziamento do partido e de sua possível junção com o PSDB em futuro próximo, o Democratas precisará se recompor de agora em diante. Fragilizado, pode ter que buscar apoio em legendas mais fortes. Os tucanos são o caminho natural em âmbito nacional. O PR, talvez o mais adequado no Estado.

No primeiro round, venceu o PSD. Provando que quem fala demais, como diziam os antigos, “dá bom dia a cavalo”.

*Vitória de Pirro - Conta-se que, tentando subjugar os romanos, Pirro - que foi rei de Épiro e da Macedônia - ao enfrentá-los na famosa batalha de Ásculo, obteve a vitória às custas de um preço muito alto. Pois, enquanto os romanos perderam 6 000 homens, Pirro perdeu 3 500. E diante de tal fato, chegou Pirro a comentar: “mais uma vitória como essa e estarei definitivamente acabado, derrotado”. Assim, ficaram conhecidas como a famosa vitória de Pirro aquelas conquistas que, aparentemente, até achamos termos obtidos (que ganhamos), mas que, na verdade, não passam de uma tremenda derrota.

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