Os interesses por trás da eleição da ATM

...

No começo, eram três candidatos e um interessado. Os três prefeitos da base do governo eram, primeiro: José Fontoura -  peemedebista recém convertido, ainda desperta desconfiança em alguns dentro da base devido à sua ligação com o ex-senador Eduardo Siqueira. Segundo: Nilton Franco, peemedebista de Pium, tem fama de rebelde (já  teria colocado o governador em saia justa)  mas tecnicamente qualificado.  Terceiro: Valtenis Lino, peemedebista que esteve por muito tempo ocupado em garantir o mandato junto ao STF, e administra Santa Fé do Araguaia. Finalmente, entrou em cena já um tanto atrasado, Pedro Rezende, utista em segundo mandato.

Nos bastidores, para disputar esta queda de braço entraram em campo os aliados de cada candidato. Fontoura tinha a seu favor as articulações do irmão Melck, ligado ao secretário Brito Miranda, pai do governador, e virtual candidato a deputado estadual. Tinha também o apoio do presidente da Assembléia, Carlos Gaguim. Nilton Franco, de Pium, é o candidato de Jr. Coimbra, líder do governo -  o que o colocava a um passo de ser o candidato do governo ( chegou a divulgar o apoio da primeira-dama, Dulce Miranda), e de quebra levou o DEM. Com 27 prefeitos, 17 com direito a voto, os Democratas poderiam dar trabalho caso montassem chapa própria. Nilton conquistou o apoio de João Oliveira.

Valtenis Lino, por sua vez correu por fora. Parecia fadado a ser vice na chapa de Fontoura, com quem tinha um acordo. Mas é afilhado de ninguém menos que o forte e polêmico Oswaldo Reis, deputado federal que briga com o grupo palaciano pela direção do PMDB regional, e articula a candidatura de Derval de Paiva à direção do partido.

Sendo assim, o imblóglio estava mais do que anunciado. O presidente da ATM terá a chance de articular os prefeitos, fortalecer a entidade, barganhar apoios, influenciar o processo sucessório na base. Como eu já disse aqui antes, a partir de agora, tudo tem a ver com 2010. O lançamento da candidatura de Pedro Rezende numa semana, para logo na seguinte, retirar o nome para apoiar Valtenis é no mínimo estranho. Afinal, contas feitas na ponta do lápis, a UT teria boas chances na disputa, se juntasse seu povo e somasse o PT, aliado de Ribeiro na cena nacional.

A união de todos num "chapão" foi divulgada como uma tentativa de fortalecimento do municipalismo numa junção de todas as correntes políticas do Estado, numa diretoria da ATM apartidária. Mas já está parecendo outra coisa. Na prática representa a união dos grupos de Reis (via Valtenis), Gaguim (via Fontoura) e Ribeiro (via Rezende).

Falando comigo ontem Valtenis Lino demonstrava a preocupação em não ser tachado como "candidato da oposição". Nilton Franco por sua vez, começou a campanha tranquilo, reuniu o maior número de apoios e tinha chapa completa. Foi surpreendido pela virada de Valtenis com sua "conquista" dos votos do grupo de Pedro Rezende.

Agora, a cúpula marcelista está em má situação. Vai apoiar o candidato do seu líder, Jr. Coimbra, e arregaçar mangas para eleger uma "chapa pura"? Vai adotar novamente o discurso da não interferência em nome da democracia? Vai apoiar Valtenis e tomar como seu o candidato de Reis?

A resposta só surgirá nos próximos dias. Como se vê, política não é uma arte fácil, e 2010, definitivamente, já começou. Para terminar de definir quem ganha este jogo, só falta o PT escolher a favor de quem votarão seus sete prefeitos.

Roberta Tum

roberta@blogdatum.com

 

Comentários (0)