Os 52 pontos percentuais cravados pelo deputado Marcelo Lélis na primeira pesquisa que o Ibope realiza em Palmas, há nove meses das eleições, e à pedido da Acipa, falam por si só. Segundo lugar em 2008, quando chegou ao final da campanha numa crescente “onda verde”, premido por duas máquinas (a municipal que trabalhava a favor de Raul, e a estadual que pedia votos para Nilmar), Lélis tem sabido sobreviver no jogo.
Do sentimento de derrota com gosto de vitória, o deputado caminhou nos últimos anos comprando as brigas certas, levantando bandeiras populares e mantendo o nome em evidência. a seu próprio custo pessoal e material. E diante de tudo isto, qual será o maior desafio para Marcelo Lélis? Manter a musculatura. Acima de 50% todo crescimento é difícil. Por outro lado, qualquer ponto a menos é queda.
Voando em céu de brigadeiro, o “verdinho” encontra eco em outros pontos da pesquisa para seu discurso e prática política: a maioria da população rejeita o adversário que o derrotou e desaprova sua gestão; a maioria da população quer mudança. E mais: o melhor cabo eleitoral, a presidenta Dilma, provavelmente não terá um candidato do PT a lhe cobrar exclusividade no pedido de voto em Palmas. O segundo cabo eleitoral é o próprio governador Siqueira Campos, que apoiou Lélis em 2008. A pergunta que muitos se fazem é: apoiará agora?
Se critério da UT for pesquisa, Lélis será o candidato
A resposta a esta pergunta parece estar na própria leitura do cenário. Dia destes Siqueira fez uma brincadeira com Marcelo e Luana no café da manhã com os deputados e arrematou: onde houver dois companheiros do mesmo grupo, não vai interferir.
O problema é que a campanha vai evoluir até lá. E os apoios a cada grupo também. Vejam só o dilema de Luana Ribeiro(PR). Por um lado o Ibope faz justiça ao trabalho de pré-campanha que a deputada vem fazendo em Palmas (diferente de outras pesquisas publicadas recentemente). Sua movimentação tem sido intensa. Por outro, a pesquisa mostra alguns alertas e revela que o principal possível aliado de sua virtual candidatura, o prefeito Raul Filho, não goza da aprovação do eleitorado (51% de rejeição), nem da confiança do cidadão. E o desejo de mudança é forte(48%)
Se considerarmos Luana do grupo governista, uma vez que seu pai, Senador João Ribeiro ainda não admitiu rompimento com o grupo que ajudou a eleger, o segundo colocado passa a ser o deputado Wanderlei Barbosa, que está tecnicamente empatado com a deputada. Os resultados de Barbosa oscilam entre 8% e 9%, enquanto que Luana crava 10%.
Se quiser espólio de Raul, Wanderlei vai dar trabalho
Sem grandes movimentações como as que evidentemente fizeram Lélis e Luana nos últimos dias,Wanderlei Barbosa é definitivamente a surpresa desta pesquisa. “Curraleiro”, como gosta de lhe chamar seu companheiro de política, vereador Milton Néris(hoje no PR), Wanderlei exibe gloriosos 9% sem praticamente gastar nada.
O que tem pesado é o que justamente seu companheiro de partido (Alan Barbiero) não tem: memória da urna, voto, mandato, serviço prestado na política, tradição (é filho de Fenelon, primeiro prefeito de Palmas). Sozinho praticamente nos últimos meses, Wanderlei Barbosa surge como a melhor opção dentro do grupo do prefeito Raul. Os demais: deputado Eli Borges e vice-prefeita Edna Agnolin oscilam entre 4, 5 e 6%, dependendo de quem são os opositores. O que qualquer um há de convir que é pouco.
Já sabidamente resistente a uma aliança do grupo raulzista com Luana, Wanderlei pode e vai acabar dando trabalho na defesa de uma candidatura mais “natural” do próprio grupo.
Sinuca de bico também para João Ribeiro
Outro ponto interessante da pesquisa é que ela revela também o dilema do senador João Ribeiro e aponta as escolhas que tem pela frente. Uma campanha para prefeitura de Palmas não é coisa barata. Sua filha, Luana mostra ser mais competitiva e menos rejeitada do que por exemplo, Nilmar Ruiz (22% de rejeição).
Se por um lado Luana cumpriu a exigência do pai (estar entre os três primeiros), e considerando que o senador tem as condições estruturais para bancar sua campanha, ficará a pergunta: que vantagem política terá nisto, se a candidatura dela implicar em rompimento com o Palácio Araguaia?
Os efeitos da candidatura de Luana em Palmas, num quadro de rompimento, e agregando em torno de si adversários históricos de Siqueira (o PMDB de Marcelo Miranda) e adversários eventuais (Raul e cia), podem afetar a disputa nos demais municípios, caso o governo decida colocar suas fichas em Marcelo Lélis. Ribeiro tem pela frente em qualquer dos quadros uma escolha difícil, mas necessária.
Outros fatores importantes
Um dado que chama a atenção na pesquisa é o fato de quem embora seja o maior carreador de recursos para Palmas, o senador João Ribeiro ficou atrás da senadora Kátia Abreu na avaliação do eleitor sobre sua atuação como parlamentar. O motivo só pode ser um: o escritório 24 hs que a senadora mantém, juntamente com o filho, deputado Irajá Abreu, prestando serviço de atendimento e capacitação no Jardim Aureny III. Um dos maiores redutos eleitorais da capital.
Por outro lado, outras percepções ficam visíveis na pesquisa Ibope. O nome de Carlos Amashta do PP por exemplo: embora pouco conhecido, de nacionalidade diversa da nossa (apesar da naturalização), de sobrenome pouco pronunciável, o empresário já pontua com 2% na pesquisa. Sinal de algum trabalho sério e profissional está em construção em torno dele.
No mais, nenhuma grande novidade: Gaguim é amplamente rejeitado, Marcelo Miranda divide amores e ódios, Eli Borges tem limite de crescimento, Edna Agnolin também vai até um certo ponto na preferência do eleitorado. Tudo, de certa forma, está desenhado alí.
E embora se possa criticar os números do Ibope (que errou nas diferenças percentuais em 2008 e em 2010), uma coisa é certa: se o instituto erra a margem, tem acertado o resultado. E se dermos nove pontos de desconto nos 52 de Lélis, o deputado continua vivo e disparado na frente. Seus adversários ao contrário. Poucos resistiriam a esta redução toda.
A pesquisa está aí, e embora distante das eleições, já é um belo aperitivo para quem gosta de política e suas intrincadas possibilidades. Ponto para a Acipa que não se prendeu só na questão eleitoral, mas na leitura do quadro de expectativas da população de palmas com relação à sua vida e ao seu futuro.
Quando entrar janeiro, o quadro anda, gerando novas mudanças no humor e disposição do eleitor. Nosso compromisso continua sendo o de levar o leitor do Site Roberta Tum à primeira fila sempre, com as melhores informações sobre tudo o que envolverá esta disputa. Podem esperar.
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