Para tempos difíceis, conselho de Vó: "nem tudo que você pode lhe convém"

Lendo os últimos jornais nacionais: Folha e Estadão, nos últimos dias, posso dizer sem medo de errar, que a imprensa nacional descobriu o Tocantins. Demorou....

Pena que não são manchetes positivas como a gente gostaria de ler. Tipo: Tocantins é a nova fronteira de exploração de minério: milhares de empregos são gerados”. Ou: “Jalapão é destaque internacional no turismo ecológico: renda melhora e qualidade de vida sobe em toda região”.

Vamos sonhando, que um dia acontece.

Por hora só nos cabe a outra parte deste latifúndio. É o prefeito da capital depondo hoje na CPMI e parando o Estado para assisti-lo. E os depoimentos dados à PF sobre o Deltaduto de Palmas vazando no Estadão.

É a casa que o secretario Eduardo Siqueira, alugou para a agência de publicidade Ginga Rara indo parar na Folha. Agência que veio atender o governo este ano, numa licitação que demorou a desenrolar de tantos recursos e discussões. O que a princípio, deveria significar que ao seu término, estaria livre de suspeitas.

É tanta coisa, que junta e misturada, soa muito mal. Mas que observadas separadamente, pode se encontrar para tudo, uma explicação. Esta aliás, é a especialidade dos advogados. E por isso mesmo Carlinhos Cachoeira, Cláudio Abreu, e outros da mesma organização optaram por ficar calados. Para dar apenas as explicações certas, no momento apropriado.

O duro das explicações é que convencem alguns e a outros não. E é este o problema com a opinião pública: as pessoas querem explicações. Mesmo que seja para dizer que nem tudo é como parece.

Por outro lado, tem as manchetes. Estas são sempre convenientes para uns e incômodas para outras. Matérias quando começam a incomodar muito um lado do jogo, também são provocadas para que se equilibre o outro lado do jogo.

A nós jornalistas a motivação das fontes que enviam as “bombas” que caem de paraquedas nas nossas redações pouco deve interessar. O conteúdo sim. Se é crível, se é sério, se é importante.

Tenho lido e ouvido gente boa dizer que não interessa se uma doação aconteceu há oito anos. Penso que interessa. Afinal, do mesmo modo, outras podem ocorrer agora. E aquelas lá atrás podem ter influenciado e muito o que aconteceu nos últimos anos. Assim como as recentes podem ter influenciado nosso hoje. Ou não? Estas são as respostas que buscamos. E que o público tem direito a receber.

Pau que dá em Chico, também acerta Francisco. O que na prática quer dizer que tudo deve ser explicado, seja quem for questionado: o PT ou o PSDB. A gestão de Siqueira, ou a gestão de Raul. É isso que o cidadão espera de seus políticos: que não se furtem a dar explicações.

Vejo que sejam quais forem as motivações políticas para tantas reportagens negativas envolvendo personagens da política do Tocantins, um bom remédio é sempre a paciência nas respostas e que se evite atribuir a responsabilidade à imprensa pelos fatos negativos. Somos como médiuns, transmitindo as mensagens. Os fatos não fomos nós quem provocamos.

Na história das civilizações, foi dos conflitos que nasceram as mudanças, as novas soluções, o progresso, o avanço em todas as áreas. Por isso a sociedade não deve teme-los, mas enfrenta-los.

Aos que têm vida pública, vale sempre um velho conselho de vó: “meu filho, nem tudo que você pode lhe convém”. Encontros suspeitos e relações perigosas especialmente.

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