De tudo que foi dito e apresentado no Plano de Bacia Tocantins Araguaia, ontem no auditório do Cuíca na UFT, dois avanços podem ser notados com a proposta do plano pela ANA. O primeiro é que haja planejamento e discussão de todas as ações tomadas ao longo dos dois rios: Tocantins e Araguaia, com impactos ambientais. O segundo é que o plano recomendará que a hidrovia no rio Tocantins seja viabilizada.
Para que isso aconteça é necessário que as obras da Eclusa do Lageado – objeto de polêmica e da interferência discutível do MPF à época para impedir a obra - sejam retomadas. Uma obra que vai ficando mais cara a cada ano. Explico: quando a eclusa - passagem construída para permitir a navegação do rio, ao lado da usina – é construída junto com a obra, seu custo é de 10% do total da obra.
Quando isso é feito depois, o custo sobe a quantias estratosféricas. Numa comparação, a eclusa de Lageado poderia ter custado R$ 90 milhões quando a UHE foi construída. Hoje sairia por R$ 400 milhões. Dinheiro jogado fora por falta de planejamento, de vontade política e de interlocução entre sociedade, governos e órgãos de defesa do meio ambiente.
De concreto o Plano de Bacia Tocantins-Araguaia está dizendo ao governo federal que retome a Eclusa do Lageado, que construa a de Estreito e não autorize mais hidrelétricas sem eclusas. “O Brasil é useiro e vezeiro de gastar muito com planos elaborados em gabinete e que nunca são implementados. Este plano não. Nosso desejo é que ele possa ser a instância de governança desta bacia”, afirmou José Machado.
A questão é que o modelo proposto toma como parâmetros índices voltados exclusivamente ao desenvolvimento econômico. Este modelo combatido nos dois dias de seminário internacional por figuras como Edgar Morin e Michel Brunes, entre outros que passaram pelo Cuíca. O modelo desenvolvimentista, que sacrifica os recursos naturais em nome de um progresso, está condenando a humanidade a uma vida sofrível no planeta já nas próximas décadas.
Sendo assim, o que se viu no debate, por vezes ácido travado ao final da apresentação do plano, é só uma prévia do confronto que vai se travar entre academia e governos nos próximos anos. É que está cada vez mais claro que estudos e pesquisas apontam um caminho diferente daquele que nossos governos estão acostumados a seguir e a propor como positivo para a sociedade.
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