PM do Tocantins: hora de fazer concurso, identificar e expulsar milícias e valorizar os bons

A execução do menor acusado de ter assassinado o Cabo Lins, ocorrida dentro de uma unidade de correção da Secretaria de Segurança Pública esta semana incendiou as discussões nas redes sociais envolvendo a PM. Não falta quem aponte precipitadamente e ...

Sem pré-julgamentos, o momento que vive a PM no Tocantins é a meu ver, emblemático. Do que governo e comando fizerem agora depende o futuro desta corporação, até aqui, mais motivo de orgulho do que de eventuais constrangimentos à população tocantinense.

A acusação – velada em alguns casos e explícita em outros – por parte de populares que suspeitam de que a execução do menor infrator em Gurupi, após sua participação no crime que vitimou o Cabo Lins, tenha envolvimento de militares é precipitada por um lado e sintomática por outro.

No espaço reservado a comentários das reportagens que trataram do assunto o debate se acirrou entre gente que se identifica como pertencente aos quadros da Segurança Pública, e que condena o que considera superproteção a menores infratores por parte dos organismos de defesa dos direitos humanos, e os que defendem - e com razão – que o Estado cumpra seu papel de garantir a segurança de presos, menores ou não. E que organizações paramilitares não tomem a justiça em suas mãos para executar sem julgamento quem quer que seja. Por pior e doloroso que seja o crime.

Balança da justiça não deve pender

A investigação que busca apurar os responsáveis pela execução do menor acusado de assassinar o Cabo é necessária e precisa ser correta, justa. Por outro lado, a exposição de militares sempre na linha de tiro, com mortes recentes em combate precisa ser valorizada, e os crimes cometidos contra aqueles que têm como missão proteger a comunidade, rapidamente investigados e severamente punidos.

Não há como aceitar dois pesos e duas medidas. Se houvesse, a medida maior (em agilidade na hora de apurar e sentenciar criminosos) deveria ser em favor de quem trilha o caminho do bem, da lei, da ordem, por mais que a pobreza e outras situações comprometedoras e de risco empurrem as pessoas para o caminho do crime. Fator social interfere, mas não determina o caráter e o caminho de um cidadão.

PM sem soldados clama por concurso público

A Polícia Militar no Tocantins vive uma situação provocada pela falta de concurso e pelas promoções desordenadas, realizadas sob critérios duvidosos nos últimos anos.: a falta de soldados. No ditado popular, é muito cacique, para pouco ou quase nenhum índio.

Nos últimos anos, reclamações chegaram aqui a cada promoção. Partiram de parentes e amigos de policiais antigos no combate ao crime, preteridos em promoções dadas a gente próxima do poder por outras vias. É fato. Coisas deste tipo minam a fé do militar nos princípios basilares da organização militar: hierarquia, disciplina, e promoções por critérios de antiguidade e merecimento.

Com todo este quadro evoluindo nos últimos três anos, chegou um momento decisivo para a PM. Se não valorizar os bons, reestabelecer a hierarquia e punir exemplarmente com o desligamento policiais envolvidos com milícias, governo e comando da PM perderão o controle da corporação. E nós, sociedade perderemos a chance de manter uma das melhores polícias do Norte do País, e a oportunidade de fortalece-la ainda mais.

Milícias e afins: hora de identificar e expulsar

Denúncias de grupos de policiais oferecendo segurança fora do expediente, e pessoas sofrendo consequências como furtos em suas residências depois de recusar a contratação destes serviços, já chegaram ao conhecimento do comando no ano que passou. Assim como a denúncia chegou a este e outros veículos de imprensa. O que para nós, jornalistas é algo difícil de investigar e provar, até pelo risco, para o comando da segurança no Estado,torna-se pauta obrigatória.

Ainda sigo defendendo a Polícia Militar do Tocantins como uma corporação de ações positivas e eficiente na maioria das vezes, por conhecê-la e acreditar em grandes valores nas suas fileiras.

As exceções, responsáveis pelo uso excessivo da força, abordagem agressiva nas ruas contra o cidadão, e eventualmente pela prática de crimes em nome de um faturamento extra ou da justiça rápida, precisam ser extirpadas da força.

Por mais que a justiça seja morosa e o resultado nem sempre conforte a quem perdeu os seus no embate das ruas, não podemos voltar ao tempo da justiça feita com as próprias mãos.

Fica o alerta: concurso para soldado urgente, investigação para excluir da força os bandidos de farda, e acima de tudo valorização dos bons. Está na hora de fortalecer a Polícia Militar que orgulha os tocantinenses. Tomara que governo e comando não percam o timing.

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