Os discursos proferidos pelos diversos oradores do PMDB no encontro promovido na manhã de sábado em Palmas, dão a exata medida de quanto o partido é diverso na leitura da realidade política e na linha que cada um de seus líderes e mandatários adota para sua atuação.
O que dizer do PMDB de José Augusto Pugliese, que xinga, descendo a um nível de desrespeito e virulência nunca vistos ao atacar um governador adversário? É um PMDB nada a ver com o de Eliseu Padilha, por exemplo: mestre nas palavras e na sensatez com que conclamou os peemedebistas a recuperar o objetivo pelo qual se faz política, se milita, voltando a empolgar a juventude e o povo.
E o PMDB de Derval, poeta, com a memória viva do velho MDB que ajudou a fundar, e que enfrentou a ditadura? É o PMDB da saudade, e traz relatos que têm o dom de inspirar os mais jovens, mas que já não reflete a identidade que o partido tem hoje.
E o que dizer do PMDB de Eli Borges? É um homem sério, de igreja, de palavra, de postura. Tem o equilíbrio nas palavras e o grande sonho de administrar Palmas. Mas será que empolga a própria militância a lutar pelo seu nome nas ruas? O tempo dirá.
Estrela maior ainda é Marcelo
No discurso, na recepção popular, nas palavras de ordem gritadas por partidários, na paixão da militância. Em tudo, Marcelo Miranda mostrou neste sábado que ainda é a estrela maior do PMDB no Estado. Tem a chama que anima, o estigma da eleição de senador perdida na justiça e é nele que estão depositadas as esperanças dos que não acreditam no governo atual.
Mas a verdade é que pouca coisa sobrou da oposição no Estado, depois de apenas seis meses de governo Siqueira Campos. O imã do poder atraiu os petistas, dando logo o equilíbrio necessário na Assembléia Legislativa para a eleição de Moreira à presidência.
Do próprio PMDB, os deputados Vilmar do Detran – presente de corpo e alma no encontro de hoje – e Sandoval Cardoso (ausência sentida pela militância) já votaram com o governo na questão da indicação de Leide Mota para o Tribunal de Contas do Estado.
Então para quem sobrou a missão de carregar a bandeira de uma oposição coerente, para pontuar com equilíbrio, sem revanchismos exagerados, discurso de ressentimento ou coisa que o valha? No campo político, sem dúvida, que para Marcelo. No administrativo para Coimbra, para quem Valdir Raupp pediu votos, e deixou claro: é o presidente que a cúpula nacional deseja.
O recado de Marcelo Miranda no discurso de hoje para os peemedebistas foi: torcer para que o Estado dê certo, independente de que o governante sentado na cadeira e com a caneta na mão,seja um histórico adversário. E manter posição firme para garantir o respeito ao povo e à liberdade conquistada.
Com os ônus e os bônus de suas duas administrações computados na memória do povo, o PMDB enfrentará daqui até a disputa eleitoral do ano que vem, o desafio de encontrar o caminho da sobrevivência política, do fortalecimento do discurso, e da união de suas várias partes.
No encontro deste sábado faltou buscar lideranças afastadas nos últimos anos, por motivos diversos: Júlio Resplande, Moisés Avelino, entre outros.
Resplande, ao atender o telefonema de um correligionário que o questionava sobre os motivos de não estar presente ao evento respondeu: “Ainda não é o meu momento. O PMDB se perdeu como partido no Brasil e no Tocantins. Nos últimos anos, apesar de ser o maior partido brasileiro, não colocou um nome para disputar a presidência.Se conformou em seguir atrás de partidos menores. É como um boi montado nas costas de um jumento. Com todo o respeito ao PT”
Precisa dizer mais?
(Atualizado com correção às 17h46 de domingo)
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