O aumento está autorizado pela prefeitura municipal e vai vigorar a partir do próximo domingo, 24. A passagem, que custa R$ 1,50, vai a R$ 2,10. O aumento de 40%, a falta de participação de usuários na comissão que analisa as planilhas de custo das empresas, e o desconhecimento de como realmente está funcionando o transporte coletivo em Palmas levou à representação protocolada no Ministério Público Estadual ontem pelo vereador do PT, que representa os movimentos populares.
Questionado no ar sobre a dualidade de estar representando contra o executivo, ao mesmo tempo em que ocupa a liderança da bancada do prefeito na Casa, Bismarque respondeu exaltado: “O papel do vereador é fiscalizar, e não o de defender o prefeito”. Certo. Mas uma coisa não exclui a outra. Afinal, o vereador pertence ao grupo político do prefeito, e integra o governo participativo do PT.
O pedido do vereador ao MPE é uma recomendação ao chefe do executivo para que suspenda o aumento já concedido. Mesmo que seja feita, é difícil que o prefeito a cumpra. O presidente do Seturb, Toninho da Miracema deixou claro um dos motivos: a prefeitura determinou a compra de novos ônibus e as empresas adquiriram estes carros financiados. “Se o aumento não vier, não teremos como pagar os carros”, disse o empresário.
Os vazios urbanos de Palmas, a baixa densidade demográfica – pouca gente e grandes distâncias a serem percorridas - elevam os custos das empresas. Alguém tem que pagar por isso. E em Palmas, onde o transporte público não é subsidiado pelo poder público, quem paga mesmo é o usuário. Também na capital,a meia passagem do estudante,m por exemplo, é paga pelo usuário da passagem inteira.
Aí entra o argumento – na minha opinião furado - de que quem paga a passagem não é o empregado, mas o patrão, através do vale transporte descontado em folha e subsidiado pelo empresário. A vida e a economia estão difíceis não só para os donos de empresas de transporte coletivo. Manter empresas abertas em Palmas e em qualquer lugar do País, não é tarefa fácil.
O que ficou claro com o debate de ontem na 96 FM, é que são muitos os pontos obscuros sobre o transporte coletivo em Palmas. A professora da UFT questionou por exemplo, se a prefeitura tem condições técnicas de gerir o sistema de transporte. Bismarque duvida, por exemplo, da confiabilidade dos dados. Toninho já diz que a prefeitura controla tudo, desde o bilhete que passa pela catraca informatizada, aos custos comprovados com notas fiscais.
“Se o poder público diz quantos ônibus eu tenho que comprar, as linhas que eu tenho que atender, e quanto pode ser minha tarifa, tanto faz se existe monopólio ou não. Aliás, seria melhor se tivesse, por que o custo operacional para uma empresa só atender a cidade seria menor”, defendeu o empresário. É que a acusação de monopólio tem sido feita com freqüência na Câmara Municipal.
Ao final do debate, ficou clara a necessidade de que o sistema de transporte coletivo de Palmas seja debatido com a sociedade. Para que o usuário entenda os custos do sistema atual e participe das decisões sobre o funcionamento do sistema. Um Plano Diretor para o Transporte Público também precisa ser construído com urgência. Só assim a sociedade conhecerá todas as questões que estão interligadas ao assunto. E quem sabe compreenda com base em quê empresas e ATTM chegaram a esta tarifa de R$ 2,10.
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