A fala do prefeito Alexandre Abdalla do PR, que a princípio soou estranha esta semana (disse que não há candidato do grupo definido em Gurupi, embora o PR venha anunciando Goiaciara Cruz há séculos), pode estar cercada de significados até então ocultos.
Abdalla quer conduzir seu processo sucessório na cidade pólo da região Sul, e embora seja aliado do senador João Ribeiro, está buscando ser o fiel da balança do grupo governista. É difícil que consiga ser o condutor do processo, mas seu discurso conciliador pode apontar para uma engenharia política em andamento, conforme informações de bastidores: a aproximação de Laurez Moreira e seu PSB do governo.
A história do partido de Miguel Arraes no Estado tem sido marcada por aproximações e desentendimentos com o grupo Siqueirista desde a década de 90, sob o comando de Murilo Sérgio, passando pelos tempos do Tenente Célio, até chegar a Laurez. Naqueles tempos lá atrás, o partido chegou a ameaçar de expulsão quem permanecesse nos quadros do governo de Siqueira, forçando várias lideranças expressivas a se desfiliar.
E a verdade é que o PSB nunca elegeu ninguém (por seus próprios méritos) para postos de expressão no Estado. Recebeu adesão de deputado eleito, que é o caso de Laurez.
Mas voltando às eleições deste ano, o presidente da sigla e deputado federal quer ser candidato à prefeitura de Gurupi. Antes disto incentivou no processo de Palmas, dois pré-candidatos: Alan Barbiero(seu preferido) e o deputado estadual Wanderlei Barbosa (que migrou para o PSB nos últimos anos, saído do PDT de Fábio Martins, já com mandato de vereador).
Sem estrutura para se viabilizar em vôo solo, socialistas esperam
O fato é que entre os dois, Barbosa é o que tem hoje a melhor aceitação popular, até por que é político testado pelas urnas. Seus limites de crescimento é que ainda não foram suficientemente testados. E há um fator importante: quem tem estrutura própria (patrimônio), recursos suficientes, ou condições de busca-los para bancar uma candidatura majoritária em Palmas? A princípio só o grupo governista (caso se uma em torno de Lélis), e o senador João Ribeiro(PR), que deve bancar no jogo a filha e pré-candidata deputada Luna Ribeiro.
Além dos dois, talvez Edna Agnolin, com o apoio prometido pelo PDT nacional na contratação dos marqueteiros do circuito Rio São Paulo e seu patrimônio além da ajuda de amigos (numa campanha mais modesta). Isto é claro, sem falar do milionário Carlos Amashta, a quem caberá escolher se arrisca ou não boa parte do seu vasto patrimônio para bancar o sonho de fazer parte deste processo.
Somados os prós e os contras, e lendo os movimentos do deputado Laurez Moreira nos últimos meses, há uma possibilidade (e grande), que o PSB mude de malas e cuias da oposição para o governo nos próximos meses.
Se perceber que não tem chances reais de fazer vingar seus pré-candidatos no grupo de Raul e Ribeiro, o deputado pode fechar um grande acordo, viabilizando sua candidatura em Gurupi com o apoio do Palácio Araguaia, fazendo “A” composição decisiva para as eleições em Palmas.
Uma vez anunciada a aliança entre Ribeiro e Raul, e com as vantagens que Luana já vem exibindo sobre os demais pré-candidatos do grupo, é natural que ela cresça nas pesquisas mais e mais. Como Wanderlei Barbosa reagirá a uma possível aliança que não favoreça seu nome na disputa é que é uma incógnita a ser decifrada.
Os sinais em política, falam muito. E alto. A eleição de novo coordenador da bancada federal na próxima semana já nos dará um indicativo importante de como estão se movimentando as peças no jogo sucessório dos municípios. O PSB, pela importância que tem, pode ganhar novo peso nos próximos meses. É aguardar e observar.
Comentários (0)