Postura de Reis gera crise de credibilidade no PMDB

O deputado Osvaldo Reis é o assunto do dia da cúpula do PMDB. Depois da crise de nervos em Araguaína, onde bateu na mesa e derrubou papéis, de freqüentes declarações desencontradas sobre os rumos que o partido deve seguir e principalmente, após jogar...

Osvaldo Reis, presidente do PMDB, foi reeleito no diretório regional sob as bênçãos do governo e com o apoio incondicional do governador Carlos Gaguim. Revestido de amplos poderes, após jogar para escanteio dois ex-governadores - fora da executiva do partido – Reis tinha tudo para se fortalecer a cada dia mais.

Não é isso o que está acontecendo. Só para relembrar o internauta, vamos aos últimos fatos que geraram a crise de credibilidade que ninguém esconde mais dentro do partido. Em nome do PMDB - embora negue de pés juntos - Reis foi tratar da possibilidade de um chapão com a senadora democrata Kátia Abreu. O espaço ao lado do ex-governador Siqueira Campos seria para uma vaga ao Senado. Nela, nem Marcelo - campeão das intenções de voto nas pesquisas - nem Leomar, mas o próprio Reis seria o titular.

Questionado sobre o chapão, o governador Gaguim disse que o presidente do PMDB é quem falaria sobre o assunto. E Reis começou a falar. Disse que Kátia é companheira, que o PMDB poderia ir com o DEM, e que “o adversário de ontem, pode ser o aliado de amanhã”. A coisa incendiou a reunião do PMDB. Nela, o presidente reconsiderou: "sempre defendi candidatura própria".

Rota de choque com Coimbra

Os dois discursos de Reis continuaram. Um para o público, e outro nos bastidores das articulações políticas.

Em seguida veio o choque com o presidente da Assembléia Legislativa, Júnior Coimbra. Próximo de Gaguim desde a interinidade, Coimbra foi à luta atrás de pavimentar sua eleição à Câmara Federal. Topou com os insatisfeitos da base de Osvaldo, e na linguagem popular “varreu pra dentro”. Estava criado o problema com Reis. Para os íntimos, o presidente não poupa adjetivos impublicáveis para a movimentação de Coimbra. Para o público, diz que não existem fronteiras nem "currais": todo mundo pode buscar votos onde quiser.

Outro episódio: o presidente da UVT, Gideon Soares, deu declarações lançando Gaguim ao governo. Tomou “pito” público de Reis, que o desautorizou a falar em nome do partido. Em Araguaína, para brigar com Gideon, que apóia declaradamente Marcelo Miranda ao Senado, Reis perdeu a linha e a compostura. Gritou, bateu na mesa, derrubou papéis. Um assombro.

Em Babaçulândia, segundo conta um peemedebista histórico, falou mal dos dois desafetos da hora: Marcelo Miranda e Júnior Coimbra. Mas o problema mais grave criado na semana passada foi com o PT.

Fala num dia, desdiz no outro

Numa reunião em Brasília com Gaguim, Raul e Donizeti, o presidente Reis selou uma aliança do PMDB com o PT. Os dois partidos mais fortes da base do presidente Lula se comprometeram a ir juntos para o embate nestas eleições. Isso num dia. No outro, Reis disse ao Portal CT que o PMDB não tinha pressa. E azedou de público o acordo selado entre quatro paredes um dia antes, a esta altura, já anunciado na imprensa.

Conclusão: lá foi o governador Gaguim tentar por panos quentes e dizer que sim, a aliança com o PT vai acontecer. Pode ser que não seja tarde demais, afinal o PT quer muito esta aliança. Tanto quanto o PMDB. Mas o que o presidente Donizeti já dizia semana passada ao Site Roberta Tum (veja aqui), é que o acordo tinha sido desfeito nas palavras de Osvaldo Reis.

No dizer popular lá do Nordeste, o PMDB tem “um bode na sala”, e não sabe o que fazer com ele. Reis é deputado federal, é presidente do partido,tem seu peso e importância no processo mas definitivamente está na contramão. No caminho que vai, está criando mais problemas do que solução. E o pior: suas palavras estão gerando uma crise de credibilidade na postura do partido.

A caravana vem aí na quinta-feira. Justamente na maior área de conflito político da atualidade: o Bico do Papagaio. Vamos ver no que vai dar.

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