O Partido dos Trabalhadores no Tocantins está prestes a definir sua posição com relação ao embate eleitoral do próximo ano. Verdade seja dita, o PT de hoje está bem mais fortalecido que o PT de 2006, que se sentou à mesa para negociar espaço na chapa majoritária que terminou elegendo Marcelo Miranda ao governo, Paulo Sidney a vice e Kátia Abreu ao senado. Naquela época, até onde se soube, nenhuma proposta de composição feita pelo então candidato a reeleição, atendeu às pretensões do partido.
Quem conhece a história do PT tocantinense sabe que o partido ganhou reforço na musculatura com a filiação de Raul Filho e seu grupo, e consequente vitória nas eleições em 2004. Naquela época o mote de Raul era o anti siqueirismo. Em sequentes tentativas de chegar ao poder (contra Odir em 1996, contra Nilmar em 2000 e novamente em 2004), Raul empunhava uma bandeira e um mote: "Coragem!". Chegava a ser irritante a insistência, por que acabava por sugerir que quem não partilhava do mesmo pensamento que o então candidato a prefeito, "não tinha coragem" de discordar ou se opor a Siqueira.
Se em 2006 o PT não foi com Marcelo, formalmente, já que a sigla apoiou Leomar Quintanilha ( contraditoriamente no PC do B, à época). Mas as bases apoiaram o governador e sua chapa. O petista de primeira hora a apoiar Marcelo foi Paulo Mourão, que hoje responde processo no conselho de ética do partido, e pode deixar a legenda. No final da campanha, compreendendo o momento, o prefeito Raul liberou seu grupo para apoiar quem entendesse ser a melhor opção.
Aproximados durante um período e afastados depois, Raul e Marcelo estiveram em palanques opostos no ano passado.As implicações desta situação para o cenário estadual, foi percebida pelo secretário Adjair de Lima (que não é PT, mas é Raul roxo). E Adjair tem sido a ponte de uma convivência política amena entre governo e prefeitura de um lado, assim como Paulo Sidney tem sido a mesma ponte de outro.
O distanciamento de Marcelo veio gradativamente aproximando Raul do ex-governador Siqueira Campos, com quem viveu capítulos de uma conturbada história que por si só daria um livro interessante sobre esta fase da política tocantinense. Por outro lado, na intrincada formação da base partidária do presidente Lula, João Ribeiro construiu uma via de aproximação com o PT nos municípios na eleição passada.
Por tudo isso, tem sido fácil para dirigentes que querem o PT com João Ribeiro, e não com Marcelo, retirarem dos encontros regionais, posições que apontam para que o partido esteja na oposição ao governo do PMDB. Em Palmas, neste sábado, 14, não deve ser diferente. O perigo do rumo tomado pelo PT, é que o partido no Tocantins assine embaixo de alianças à direita (se é que isso ainda existe). Se no jogo de poder que já começou por disputa de espaço para 2010, Raul estiver à frente para encabeçar uma chapa (como tantos querem), melhor para a sigla, que trará os outros partidos da base de Lula à reboque.
Mas se o PT perder o timing, poderá estar colocando sua tradição de lutas, sua recente vitória em Palmas, nomes de petistas históricos e neopetistas à serviço de um projeto que não é o das esquerdas. Há um ano e meio das eleições, é imperativo reconhecer que ainda está cedo.
Muitos acontecimentos podem definir o quadro político de 2010. Escolher antes que rumo tomar pode ser positivo. Mas escolher errado pode custar caro a um partido que nunca esteve tão perto de ocupar verdadeiramente o poder no Tocantins.
Roberta Tum
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