Pró-Saúde com os dias contados: secretário pede fim do contrato da empresa e governo deve substituir

A sangria desatada que o Estado inteiro vem assistindo acontecer na saúde pode começar a ser contida nos próximos dias. A crise que o governo vem sofrendo por conta do caos que tomou conta da saúde no Estado, e em especial no HGP - ferida aberta na c...

A coisa não anda fácil para o governo quando o assunto é Saúde. E não está assim por que a imprensa quer, ou fez complô para dar seguidamente notícias negativas sobre o setor.

O que acontece é que embora no geral os índices do Tocantins sejam positivos – uma matéria nacional publicada em Minas Gerais coloca o estado como o quinto melhor posicionado do País no Índice de Desenvolvimento do SUS – ninguém aguenta mais a sequência de mortes, a superlotação, o descaso e os problemas administrativos que acontecem quase que diariamente no HGP. Alguns deles extensivos a outros hospitais do Estado.

Ao decidir terceirizar a administração de hospitais lá atrás – no que foi bastante criticada - a atual gestão seguiu um modelo dos governos do PSDB nos Estados, que considera uma tendência nacional. Não deu certo. Pelo menos não com a Pró-Saúde.

Se por um lado o governo se poupou do estresse de lidar com a classe médica - que considera difícil e com quem tem histórico de desentendimentos desde o episódio da contratação dos cubanos no governo anterior de Siqueira Campos – por outro viu pipocar todos os dias, denúncias e mais denúncias do que acontece dentro dos hospitais, e até então longe do olhar do público.

Não tem como ser diferente. Ao tentar “gerenciar” pessoas a Pró-Saúde – a quem não se pode atribuir toda a culpa pelo que não está funcionando – tem sido muito infeliz.

Se no topo da hierarquia que funciona dentro dos hospitais trombou com os médicos, na base atropelou de enfermeiros acima. Conclusão: tudo que acontece de errado alguém denuncia ou vaza para a imprensa. Nós, jornalistas-cidadãos, com o compromisso principal com a comunidade, não podemos nos omitir diante dos fatos. E que fatos. E a consequência é que tudo isso acaba alimentando de dramas e atos negativos boa parte do noticiário.

Nicolau quer a saída da Pró-Saúde, pede e consegue

Daí que se foi infeliz ao entrar sugerindo um “pacto com a imprensa”, interpretado como uma tentativa de querer combinar uma trégua, um período de silencio, o novo secretário de Saúde, Nicolau Esteves, teve a coragem (ou a audácia) – segundo informações - de ir ao governo e pedir a cabeça visível do problema. Justamente, na opinião dele, a Pró-Saúde.

Com a crise bastante avançada dentro do sistema e diante da opinião pública, a saída realmente é a mais acertada. Nicolau teve o sinal positivo que esperava na semana passada, e tem pela frente a tarefa de encontrar nacionalmente outra OS que venha assumir o que a Pró-Saúde deve deixar de fazer, a começar pelo HGP.

Segundo nossa fonte as coisas começam a acontecer na terça-feira, depois do feriado de São José que parou tudo em Palmas nesta segunda.

É lógico que se quiser resolver o problema o governo terá que ir além. Por que não se trata só de gestão da estrutura física e de pessoas que já existe. Trata-se de vagas, de estrutura física para um pronto socorro na capital, que não existe e nem dá tempo de esperar fazer. Trata-se também de mudar o tom com as pessoas que fazem o sistema funcionar e estão insatisfeitas. Este é o primeiro pacto que o secretário tem que conseguir fazer: interno.

Estado pode adquirir hospital

Outra fonte, próxima do governo, garante que existe a possibilidade de que o Estado adquira uma estrutura pronta para instalar imediatamente um pronto socorro, e assim desafogar o HGP, palco de tanta insuficiência humana, física e material.

Se fizer isto estará de fato dando uma resposta rápida e positiva para a crise. Ficará faltando, na minha opinião, rever a contratação de pessoal. No caso da Pró-Saúde não é segredo para ninguém que dos contratos temporários extintos diretamente com o Estado, muitos profissionais foram reaproveitados a um menor custo pela empresa. E a decisão de não chamar o restante do cadastro reserva provocou outro flanco de combate para o governo: a ação da Defensoria Pública pedindo intervenção federal no estado.

Mesmo que intervenção seja um pedido relativamente comum (só contra o Estado de São Paulo são mais de 40 para o STF analisar), é uma preocupação a mais, e um dado a colorir de tintas negativas a atuação do governo na área. Como se a realidade precária herdada não fosse o bastante, e a demanda estadual (capital e municípios) mais os pacientes que chegam dos estados vizinhos não criassem problemas diários por si só, grandes o suficiente para administrar.

O fato é que se em outras áreas, administrativa e politicamente, o governo tem acertado o passo, a saúde é hoje o flanco aberto quer mais incomoda. E requer uma ação emergencial de contenção de crise. Não só com uma ação, como se vê de forma clara, mas com várias.

Ao que tudo indica este jogo começa a virar nesta semana. A gente torce para que vire mesmo, afinal, ninguém está livre de precisar do serviço público de Saúde. E quando isto acontecer, é vital que ele funcione. Para todos.

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