Uma coisa é certa: toda essa confusão serviu para que o PTN oficialmente fique livre para votar com Raul na Câmara Municipal. Ou que Folha fique livre, por que na prática já vinha votando, sem retaliações do grupo oposicionista. Divina Márcia, ao contrário, vota com os marcelistas e deve permanecer assim.
Por outro lado, se a base do partido não acompanhar Folha e Júnior Luiz - e esta base representa 14 mil votos – de que terá valido todo este esforço do staff político de Raul? Eleitoralmente ninguém sabe, mas por certo haverá lucro na divisão das comissões da Câmara Municipal. Lá,o prefeito tem maioria, mas a oposição tem três comissões e tem dado trabalho.
Agora, com sete a cinco, a bancada do prefeito tem número para fazer o que quiser – e o regimento permitir – na nova composição das comissões que seguramente acontecerá na próxima semana, quando Folha retirar o PTN do bloco de oposição. É o que ele programa fazer na terça-feira que vem. Pode ser que a oposição fique com uma comissão apenas, e assim, perca espaço na mídia.
Quanto ao mais que se disse por aí, algumas coisas restaram claras. José de Abreu foi-se embora para São Paulo com outra visão do PTN do Tocantins. O presidente nacional preservou o acordo mantido com Raul. Mas ouviu muita reclamação do grupo que - todo mundo no meio político tocantinense já sabia – não aceita a liderança de Júnior Luiz.
Para esta turma que continua fora da estrutura de poder – leiam-se, cargos e outros benefícios que ser governo confere – ficou claro que Folha resolveu seu problema (ficar livre da polêmica resolução) e Júnior Luiz o dele (finalmente um cargo de projeção política para construir sua candidatura a deputado estadual). Os dois conseguiram isto com Raul. Resta saber o que a base do PTN conseguirá garantir com o governo.
Neste final de semana em que o partido do segundo lugar em votos na Capital se reúne para selar seu destino, muitas coisas serão postas na mesa. Primeiro, que quem realmente quer a cabeça de Júnior Luiz são os que nunca gostaram dele. Segundo, que todos estes líderes precisam ser acomodados.
O governador Marcelo Miranda, pelo que eu pude apurar, quer o partido. E tem razão em querer, afinal, foi quem respaldou seu crescimento. Mas pode ter chegado com 15 dias de atraso. Na reunião com José de Abreu na tarde de ontem, o governador teria confessado sua decepção com Júnior Luiz. “Um menino” que tinha trânsito livre no primeiro escalão, voava ao lado dos homens mais poderosos do governo para ir à inaugurações, tinha acesso à sua casa e era alguém que Marcelo sempre fez questão de elogiar, por uma qualidade: ser leal.
Na sinuca de bico criada pela decisão de Júnior Luiz quem ficou em maus lençóis foi o grupo de vereadores do interior. São muitos, e ligados ao governo. Num encontro regional, como chegou a ser ventilado, quem venceria esta queda de braço?
Para mim fica a certeza de que os passos do PT para romper com o governo e agora, garantir o reforço de sua base na Câmara, anteciparam o processo eleitoral de 2010. Grupos que estiveram próximos até outro dia caminham para se tornar ferrenhos adversários. A pergunta é: quem lucra com isso? quem viver, verá.
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