A reunião que o PT realizou ontem, no Pousada dos Girassóis em Palmas, reuniu a base aliada do prefeito Raul Filho na Capital, em torno de uma escolha: ter candidatura própria ao governo neste ano, ou se agregar à chapa do Palácio Araguaia. Estavam presentes os presidentes do PT, PDT, PTN, PC do B, PSB (que começou a reunião representado pelo vereador Wanderlei Barbosa, presidente da Câmara Municipal) e ainda com representantes do PMDB, PRB, e PSPB.
Os vereadores José Hermes Damaso, José do Lago Folha Filho, Bismarque do Movimento e Ivory de Lira participaram do encontro, que aconteceu a portas fechadas para a imprensa. Segundo a assessoria de imprensa do PT, os vereadores Milton Néris, Pastor Claudemir, e Lúcio Campelo se juntaram à reunião. Logo na abertura, o presidente regional do PT, Donizete Nogueira anunciou o tema, organizou as falas e delimitou horário para terminar. O encontro, que começou às oito da noite foi até pouco mais de 11 horas.
No balanço das manifestações e na tendência demonstrada pelos principais líderes políticos presentes à reunião pesou o que já se esperava: o apoio incondicional para que o prefeito dispute as eleições deste ano. A vice-prefeita Edna Agnolin foi direto ao ponto: caberá ao PT e partidos aliados, apresentar uma “alternativa ao povo tocantinense”.
PT seria terceira via
Nos bastidores desta decisão nos últimos dias, são vários motivos apontados para que o prefeito de Palmas encare a disputa pelo Palácio Araguaia em outubro. Entre os que são elencados pelos marqueteiros que atendem o partido, é que dos três nomes da base de Lula no Tocantins, Raul Filho é o que junta duas características: é o mais consistente, e eleitoralmente viável. Falta ser mais conhecido, mas isso só acontecerá se for candidato.
Para viabilizar sua campanha o prefeito precisa unir em torno de si os pequenos partidos, liderados pelo PT e PDT, a exemplo da aliança construída na disputa pela reeleição em Palmas. Isto garantiria horário de televisão, o que é meio caminho andado para popularizar a imagem de Raul Filho no interior. O tempo ideal, caso existam três candidaturas: a de Siqueira, a do governo e a do PT é de dez minutos de programa eleitoral.
À boca pequena comenta-se que o segundo aspecto mais importante, seria levantar recursos financeiros para bancar a estrutura de campanha. Os números são assustadores. “Para Raul, que é leve”, estimam seus articulistas, a campanha custaria em torno de R$ 30 milhões. Para o candidato do governo - de quem o eleitor espera tudo - algo em torno de R$ 100 milhões.
Decisão antecipada
O fato é que o prefeito petista tem até abril para tomar esta decisão, com a responsabilidade de saber que é de longe o nome mais competitivo que o PT tem para enfrentar a disputa deste ano, seja ao governo, ou ao Senado. Na bolsa de apostas, há quem acredite que Raul não deixará a prefeitura para se aventurar numa candidatura de alto risco. Na reunião de ontem e nos bastidores o sentimento era outro. A base quer Raul candidato.
Até aqui o prefeito cumpriu todos os compromissos políticos que fez em 2008. Isto é muito importante para dar confiabilidade aos acordos. Fez tudo o que foi preciso para garantir a presidência da Câmara Municipal para o vereador Wanderlei Barbosa - o que coloca o PSB numa sinuca de bico se tiver que escolher mesmo entre o PT e Gaguim – e atendeu a todos os arranjos partidários para acomodar os companheiros na estrutura de poder.
Em tempos de incerteza, o que a esquerda tocantinense quer é uma alternativa. Se conseguir formar uma aliança em torno de Raul, oferecerá ao eleitorado tocantinense um candidato forjado na luta, com história e consistência como gestor público e comprovadamente democrático. Raul é político de uma geração que sabe respeitar as diferenças de pensamento, e convive bem com o contraditório. Lição que muitos ainda precisam aprender.
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