Os peemedebistas da alta cúpula pensante do governo estão divididos entre os que acham extremamente necessária uma aliança com o PT já no primeiro turno - estes não acreditam em segundo turno - e os que acham que é necessário que o PT tenha candidato, e competitivo, a ponto de chegar à casa dos 20%.
Os petistas também estão divididos entre os que preferem insistir numa candidatura própria - ainda que com poucas chances de vitória - e os que acham melhor um entendimento com o PT para garantir a eleição de deputados e disputar uma senatória. Ouvi de um importante prefeito petista que este seria o caminho mais seguro a ser percorrido pelo partido, que prioriza deputados federais e senadores este ano, a eleger governadores.
Tanto de um lado quanto de outro, existe gente forte tentando viabilizar a aliança - que tinha sido acertada em Brasília meses atrás - e depois azedada por declarações do deputado Osvaldo Reis à imprensa. Mas existem dois problemas sérios a serem contornados pelos "bombeiros" de plantão. O primeiro é a posição de Reis na presidência do PMDB, que o impõe como interlocutor no processo. A alta cúpula petista não aceita tratar mais com ele, simplesmente por que não confia no que ele trata. O segundo problema é Raul, fritado na sua pré-candidatura, e escaldado de 2006.
O dilema de contornar Reis
Se existe uma pedra no meio do caminho de volta a um entendimento entre PT e PMDB, ela é sem dúvida a posição dúbia do presidente peemedebista. Há quem veja na sua insistência em postular uma vaga à senatória, mais um elemento desagregador do PMDB. Por outro lado seus constantes elogios ao PSDB, ao DEM, ao senador João Ribeiro(PR) - mesmo após o rompimento deste com o governo - sinaliza que não era pura especulação a informação de que ele estava tentando trabalhar uma candidatura ao senado dentro da União do Tocantins.
Para abrir caminho com o PT, o PMDB tem pela frente a dura missão de afastar Reis do comando do processo. É o tipo de medida difícil, polêmica, mas absolutamente necessária se o partido quiser somar no seu palanque a sigla que tem o prestígio do presidente Lula, e a prerrogativa de fazer o palanque oficial da candidata Dilma Roussef. O PT sozinho no Tocantins é andorinha difícil de fazer verão. Mas somado, a conversa é outra.
Mourão cresce e Raul sobe o tom
Na outra via também existem impedimentos. O PT não está assim tão aberto ao diálogo como pensam alguns. Primeiro porque as sequelas deixadas não foram pequenas, no processo de discussão que terminou inviabilizando a candidatura do prefeito Raul Filho, de Palmas. É tanto que ontem na ATM Raul subiu o tom, ao dizer que não há possibilidade de acordo com o PMDB no primeiro turno.
O outro motivo é que - segundo quem viu - pesquisas internas estariam mostrando que Mourão foi bem abraçado pela base petista e já teria assumido a preferência de votos que eram de Raul Filho. Animados, os defensores da candidatura própria apostam que o PT possa chegar a 20% dos votos, tornando-se efetivamente uma terceira via para os que nem querem Siqueira, e também não querem Gaguim.
Como se vê, a aliança considerada fundamental para recompor as forças da base do presidente Lula no Estado, não está fácil. Se na política, como no futebol, metade das chances de vitória está na escalação do time o distanciamento de PT e PMDB só favorece o time adversário. Metade deste jogo, será ganho ou perdido no dia das convenções. Na contagem regressiva faltam exatos 53 dias.
Comentários (0)