Há tempos, desde Matrix, já tinha me desiludido com as produções Hollywoodianas em que as prioridades se concentram em quebra-quebra e destruições descabidas. Ainda assim, talvez atraído pela febre da tecnologia 3D ou pela novidade das novas salas de cinema em Palmas, me aventurei a enfrentar uma infindável fila, e a pagar mais de 15 reais por um pacotinho de pipoca e um copo de refrigerante (sem falar do valor absurdo do ingresso), para assistir ao tão esperado “Transformers 3: O lado escuro da lua”.
É claro que a paixão por carros e pelos magníficos efeitos especiais da transformação das máquinas do filme, aliado à nostalgia dos anos 80, também foram fatores preponderantes para desembolsar 23 suados reais para assistir à “mega-produção” no cinema.
Mas não foram os efeitos especiais, nem a excelente qualidade das novas salas de cinema, tampouco o mega-preço do ingresso ou a pipoca “salgada” que me surpreenderam. Na verdade, o que me causou bastante estranheza, diferentemente das duas produções ulteriores, foi os quase 150 minutos de puro quebra-quebra e destruição exacerbada que o filme apresenta. É certo que, ultimamente, o que se vê na maioria das produções Hollywoodianas de ação e de ficção é violência e destruição apocalíptica, mas no meu mero e humilde senso crítico cinematográfico, Transformers 3 passou dos limites.
Digo isso com o mínimo de propriedade, simplesmente pelo fato de ser um amante da boa produção cinematográfica, daqueles que não dispensa um comentário do diretor, uma entrevista com os atores, e que observa desde o roteiro até a trilha sonora. E ainda, pelo fato de ser testemunha viva dos singelos, porém saudáveis, desenhos animados dos Transformers da década de 80.
O que pude observar em Transformers 3 está muito longe da idéia original do desenho, em que ainda se preocupava em transmitir alguma mensagem positiva para nossas crianças. O que se observa na verdade é uma tentativa desesperada de superar o fiasco da bilheteria do segundo filme da série, utilizando-se exageradamente da quebradeira e da violência, tentando destacá-las com a tecnologia 3D.
Por mais que o público tenha saído do cinema extasiado com tanta “ação” (leia-se porrada) ficou em mim a sensação de ter acabado de sair de dentro de um liquidificador e, o pior e mais óbvio, pude perceber que grande parte desse mesmo público (a maioria jovens e adolescentes) fica maravilhado com tamanha demonstração de destruição e violência sem se preocupar com a ausência de qualquer mensagem positiva implícita no roteiro. No mínimo preocupante!
Enfim, que as bilheterias de “O lado escuro da lua” sejam recordes, e que venha o número 4, talvez com uma tecnologia mais avançada que a 3D (que não seja cadeiras vibratórias), mas que pelo menos estejam os futuros produtores com os hormônios um pouco menos “enfurecidos”, com o mínimo de intenção de transmitir mais mensagens positivas e menos exageros para nossos filhos. Do contrário sugiro que as modernas salas de cinema, além de 3D e das temidas cadeiras vibratórias, sejam também equipadas com sistemas de air-bags. E salve-se quem puder!
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