Nossos tempos têm se mostrado típicos: vivemos a era da falta de autoridade de pais sobre filhos, falta de controle dos seus atos no convívio em sociedade e de absoluta falta de limites, na maioria das vezes em ações que começam como rebeldia e não raro caminham para o crime, antes e depois da maioridade.
Pais omissos, sociedade omissa. Uma coisa leva à outra com uma facilidade e rapidez impressionantes. Como entender diferente uma geração que tem sido criada pela televisão, acompanhada na escola pelas babás (quase sempre despreparadas), ou em outro extremo da pobreza, cresce nas ruas, em que irmãos mais velhos (pouco mais) são os responsáveis diretos por alimentar e cuidar dos mais novos?
Tudo no Brasil, pelas suas dimensões, é macro. Tudo aqui é mais complexo do que nos ditos países desenvolvidos, que têm dimensões mais controláveis e recursos mais abundantes. Além é claro, de outros princípios norteadores de sua Educação.
Discussão polêmica sobre o que a sociedade pode fazer
A polêmica em torno da ação que o Juizado da Infância vem protagonizando em conjunto com as autoridades afins gira em torno apenas de um conceito: a liberdade que jovens e adolescentes têm que ter de estar nas ruas até sei lá que horas, fazendo sabe-se lá o quê, ainda que isto seja danoso a eles mesmos e aos outros.
Num excelente artigo que está postado na área reservada aos debates, o jornalista Melck Aquino foi ao cerne da discussão sobre o que a omissão dos pais e as restrições ao castigo estão fazendo com esta geração.
Quero aqui levantar outra questão, após ler e ouvir os protestos do pessoal dos conselhos tutelares. Defendem eles que os conselhos estão desaparelhados para realizar sua função e protestam contra a ação que quer limitar por um lado o horário de permanência de menores nas ruas,e de outro a que os recolhe quando desacompanhados, altas horas, consumindo as drogas lícitas e ilícitas com as quais infelizmente somos obrigados a conviver.
Se a família não consegue se manter estruturada em tempos tão difíceis, e perde o controle de seus filhos, a sociedade através de seus mecanismos de controle tem que ser omissa também?
Acredito que não.
De Taquaruçú às Arnos, das lojas de conveniência à Praia da Graciosa, um exército de desordeiros tem tomado conta de forma assustadora das ruas e praças. Bebem, fumam, dançam todas os “hits porcaria” que estão no mercado. Meninas expõem o corpo numa antecipação da vida sexual que não raro termina em gravidez na adolescência eque nas áreas mais pobres descamba rapidamente para a prostituição infanto juvenil e o uso do crack. E temos que assistir isto tudo apáticos e calados, enquanto os pais não conseguem fazer nada, ou nem têm mais reação a isto?
Impossível. Alguma coisa precisa ser feita. Por isto, por mais que os limites para todos firam de fato a liberdade responsável de alguns, há momentos que o uso da autoridade garante uma paz social que é direito de todos, e não só de um grupo.
Da família a lei retirou direitos fundamentais na educação de seus filhos, ao tentar coibir os excessos. E com isto dar a eles princípios e limites ficou mais difícil. A escola, é evidente, não consegue suprir este papel. Por isto, entre outros motivos estamos criando marginais em potencial. É a dura realidade.
Que me perdoem todos os que pregam a onda dos direitos sobre os deveres mas não dá para deixar de concordar com os que querem impor limites. Eu também quero poder ir à praça no domingo, sem ter que assistir cenas chocantes. E expor as nossas crianças que ainda crescem dentro de princípios e algum controle, à desenfreada liberdade que tudo pode. Até se drogar em público, agredir pais e professores, praticar bullyng, e quem sabe amanhã fazer coisas bem piores.
Doloroso ou não e à beira do limite do legal, é bem vindo algum controle social sobre jovens e adolescentes.
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