No final de semana, duas matérias requentaram o assunto na grande imprensa. Na Folha de S. Paulo, sem fato novo, reportagem extensa trouxe um resumão das doações de campanha feitas ao Comitê Central da coligação que elegeu o governador Siqueira Campos. Nenhum vídeo comprometedor, nenhum novo vazamento de gravações. As mesmas doações apresentadas com uma conta diferente: agora o jornal concluiu que mais de 40% dos doadores são ligados de alguma forma à Cachoeira.
No Estadão, uma outra reportagem, esta revelando o depoimento dado à PF por um engenheiro encarregado de assinar as medições dos serviços prestados pela Delta à Prefeitura de Palmas. Luiz Marques, de investigado passa a colaborador da polícia e aponta dois secretários como operadores da empresa, ligada à Cachoeira, dentro da prefeitura.
O cenário parece pronto para provocar a ida à CPMI além do prefeito da capital, também do governador no Estado, como se estivessem todos no mesmo patamar dos amigos íntimos de Cachoeira. Um jogo de forças políticas, na verdade, para colocar PSDB e PT no mesmo curso de águas barrentas.
Parênteses. Encontrei na última sexta-feira o suplente de Senador, empresário bem sucedido em toda uma vida de trabalho, Ataídes de Oliveira. Como se sabe foi no apartamento dele que Siqueira encontrou Cachoeira – como afirma o governador – uma vez, num encontro social, rápido.
Ataídes estava penalizado com a situação de Raul, e me disse: “enquanto não houver financiamento público de campanha no Brasil, o que nós vamos ver é o político correndo atrás do empresário, com o pires na mão, pedindo. E sujeito a acontecer uma situação daquelas em que nós vimos o Raul”.
Mais empresário do que político, e portanto conhecedor do assunto, Ataídes emendou: “o empresário quando doa, ele não faz isso pra receber de volta o que doou, mas esperando fazer negócio, e ganhar muito mais do que investiu”. Outra verdade.
Até concordo com o senador Ataídes, que de fato, procurou fazer uma atuação séria e coerente nos meses em que substituiu João Ribeiro no Senado. Mas não consigo ter pena de quem busca empresário para vender o que de fato não lhe pertence: uma chance de negócio rentável às custas do dinheiro público.
Fecha parênteses.
O fato é que neste mês de julho, primeiro da campanha oficial, pouca campanha se verá de fato nas ruas.
É um tempo que serve para ajuste de equipes, definição de material gráfico e para as primeiras ações de corpo a corpo: visitas, reuniões, que vão dar aos candidatos a temperatura do eleitor. E preparar os programas eleitorais.
Estes que, lá adiante, os magos por trás das câmeras estão preparando. Sobre eles, falo amanhã. Mentes criativas que, pagas a peso de ouro, vão transformar a campanha em Araguaína, Gurupi e Palmas num jogo que vai alternar razão e emoção para capturar o voto dos indecisos, e reforçar os que já estão definidos.
Mas isto só depois que a novela da CPMI, capítulo Tocantins, terminar.
Comentários (0)