Nos bastidores a conversa já rola há pelo menos duas semanas. Em Araguaína na tarde de ontem o governador anunciou em encontro com empresários a saída de Ernani Siqueira, amigo de longas datas, da secretaria de Indústria e Comércio. São muitos anos de convivência e Ernani que é de dentro da casa do governador, sai a pedido para cuidar da direção do PSDB em ano eleitoral. Sem correr o risco de misturar os interesses da pasta que tem a obrigação de buscar novos investidores e gerar empregos no Estado através da industrialização com questões partidárias.
Na pasta de Ernani o movimento em torno de uma substituição já era visível nos últimos dias. Com uma base grande, o governo não quer passar recibo de interferência nas eleições municipais. Pelo contrário, na leitura do que já foi dito em entrevistas ao longo dos últimos meses, percebe-se que o comando do Palácio Araguaia prefere evitar comprar briga entre os aliados, deixar a população escolher e governar com o vencedor em cada cidade.
Exceção, é lógico, nas maiores cidades onde deve acontecer uma polarização entre o grupo governista e a oposição.
Nova função para Eduardo: interlocutor oficial
No último ano, primeiro do governo, com todas as dificuldades que enfrentou, é de se notar que o secretário de Planejamento, Eduardo Siqueira Campos terminou ocupando um papel de interlocutor.
Seja com os sindicatos, seja com a imprensa em temas mais graves, seja com os deputados estaduais para buscar a solução de impasses na Assembléia Legislativa, quem entrou em campo para amenizar e responder críticas, e encontrar as saídas, definitivamente foi Eduardo. Ele é também a face amigável do governo nas redes sociais.
Seu papel de intermediador deve ser assumido de fato e de direito este ano numa função menos técnica e mais institucional, o que deve implicar nas próximas semanas em deixar o Planejamento e se concentrar mais na área de relacionamento político institucional do governo.
Caso Eduardo seja oficializado numa função em que possa ser mais que o “ouvidor” que é hoje, para ganhar o status de “solucionador”, muitos problemas de relacionamento do governo tenderão a desaparecer. É o caso de secretários que não conseguem dialogar com sindicatos, com segmentos do empresariado, simplesmente por que não têm perfil para isto.
Batata assando para incompetentes
Mas a correção de problemas de gestão (naturais) pode levar o governo a fazer substituições e iniciar uma mini reforma administrativa nos próximos dias. É o natural.
Quem conhece o perfil de Siqueira sabe que ele não suporta gente que trabalha pouco (e ele não tem hora, nem fim de semana, tem dedicação exclusiva ao que faz), nem alisa quem cria ou potencializa problemas, ao invés de propor e encontrar soluções.
Pensando assim, é de se esperar mesmo, mudanças em áreas importantes para o governo. A hora, ao que tudo indica, é esta. E o processo de mudança começa mesmo com a saída do companheiro de longas datas para cuidar do PSDB.
Para bom entendedor, o sinal está dado. Uns vão cuidar de política partidária, outros de política de governo. E quem não der conta do seu recado, na área em que foi escalado para jogar, está perto, mas bem perto de sair. No jargão popular, a batata já está assando para os menos competentes.
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