E o que o governador foi fazer por lá? Podem se perguntar alguns incrédulos que têm postado comentários desacreditando nos resultados que a missão tocantinense na Espanha possa trazer em tempos de crise na Europa.
Vai tratar da possibilidade de construção do metrô de superfície em Palmas. Mais um sonho maluco do Velho Siqueira, que tem boas chances de acontecer, se tornar real, materializar-se.
Falando com ele ontem à noite por telefone, ouvi do lado de lá, a voz de um homem cansado com a rotina estafante que a si mesmo se impõe na busca de resultados, mas animadíssimo. “Já encontramos quem financie, e agora estamos buscando um negócio que seja vantajoso para o Estado, que não nos sacrifique”, disse ele na véspera de viajar, de trem, para a Segóvia, às 7hs “da madrugada”.
Enfrentando a diferença do fuso (quem já passou ou passa por isso regularmente sabe o que significa para o organismo esta adaptação), o governador teve ontem, quinta, 24, diversos encontros. Entre eles a visita ao príncipe espanhol, que foi parar no portal UOL.
A agenda continua hoje e amanhã, mas o entusiasmo de Siqueira já era evidente com a possibilidade de resultados práticos. Entre eles está a promessa do ministro da Agricultura espanhol de vir ao Tocantins compartilhar tecnologia na área de assistência rural, que hoje é feita no Estado pelo Ruraltins. “Ele ficou animadíssimo com o Tocantins”, contou o governador.
Pano rápido.
A conversa de Siqueira por telefone, numa ligação que era para ser um rápido cumprimento de aniversário, me lembrou outra, em 2010.
Era reta final de campanha e ninguém podia arriscar ao certo qual seria o resultado das eleições. Todas as pesquisas traziam o então governador Carlos Gaguim à frente, e havia uma enxurrada de críticas ao então ex-governador e candidato, partindo de quem já havia dividido uma vez ou outra o poder com ele. Eu achava um comportamento hipócrita, e escrevi sobre isto.
O telefone chamou, atendi. Era o Siqueira candidato, bem humorado, falando de um artigo que eu havia escrito , intitulado, “Quem nunca foi Siqueira que atire a primeira pedra”. Conversamos longamente e no meio de citações bíblicas e da reafirmação da esperança de ser novamente eleito ele saiu-se com esta: “Olha, imagine que você está andando pelas ruas de Palmas, no seu carrão, e sobe um viaduto, e de lá você avista o nosso metrô de superfície. Quero construir este metrô, ligando desde Taquaralto, Aureny’s, Taquari, até as Arnos, passando pelo centro da cidade, já imaginou?”
Eu disse a ele que era mais um sonho, dos que ele está habituado a sonhar, mas que não era impossível de ser realizado. Primeiro teria que passar pelas urnas.
Ele passou. De lá para cá tem feito um governo que divide opiniões, decepciona alguns pela dureza dos cortes que já fez, desde a área de pessoal, até a de investimentos. Agrada outros que entendem que ele vai no rumo certo e ainda tem tempo para cumprir as principais promessas feitas na campanha.
Palmas ainda aguarda o metrô. Eu também não comprei o carrão.. Quem sabe com um transporte publico mais eficaz, nem precise dele.
Mas uma coisa é certa, e ninguém pode negar: Siqueira trabalha. Muito, e duramente. Às vezes forçando os limites do próprio corpo, e as limitações da idade. “Hoje tenho visto que estou realmente velho”, me disse antes de se despedir. O corpo reclama dos horários atravessados e da rotina estafante, mas ele segue.
“Eu me levanto na marra, empurrado pelo brio, pela vergonha na cara, pela determinação de cumprir com aquilo a que eu me propus fazer, mas vamos em frente”, disse ele já perto da meia noite, horário da Espanha.
Hoje já deve ter visto os espanhóis que podem nos ajudar com o metrô de Palmas. Mais um sonho maluco que o Velho Siqueira persegue entre um compromisso e outro de sua agenda em além mar. E que acredito, sinceramente, por tudo que ja vi por aqui, que ele ainda vai conseguir fazer realizar.
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